{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/06/6887562-agrotoxicos-impostos-e-um-tributo-pela-vida.html", "name": "Agrotóxicos, impostos e um tributo pela vida", "headline": "Agrotóxicos, impostos e um tributo pela vida", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2024-06-30T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto">Nas próximas semanas, poderemos tornar nossa agricultura mais ecológica, nossos alimentos mais saudáveis e nosso planeta mais justo, solidário e sustentável. O Congresso Nacional está regulamentando a Reforma Tributária e decidirá quais produtos devem pagar mais ou menos impostos, e isso inclui os agrotóxicos. Como são produtos perigosos e fazem mal à saúde e ao meio ambiente, deveriam pagar mais impostos, não menos, exatamente como é feito para os cigarros e as bebidas. Contudo, impera no Brasil um total contrassenso: os agrotóxicos recebem isenções iguais a insumos como enxadas e tratores, mesmo tendo o potencial de causar doenças e mortes por intoxicações agudas ou doenças crônicas, como o câncer. Quem paga essa conta são a sociedade e as gerações atuais e futuras pelos efeitos ao sistema de saúde, à Previdência Social, ao meio ambiente, além do sofrimento às famílias dos trabalhadores e pessoas afetadas.</p> <p class="texto">Cresceu no Brasil, como um câncer, um modelo de agronegócio químico-dependente para produzir commodities em monocultivos de soja, milho, cana e algodão. Para os latifúndios se ampliarem, precisam desmatar e matar a biodiversidade natural dos agroecossistemas com muito veneno e pouco imposto, abalando também nossas esperanças por outro futuro. Só as commodities mencionadas consomem 84% dos agrotóxicos do país, mas deixam de pagar muitos impostos. No modelo atual de isenção, deixam de ser arrecadados três impostos federais (Pis-Pasep/Cofins, IPI e Importação) e o ICMS, de âmbito estadual. As unidades federativas onde há perda de arrecadação reduzem sua capacidade de investimentos para pagar suas dívidas e oferecer serviços públicos com mais qualidade. </p> <p class="texto">Estudo com pesquisadores da Fiocruz e IBGE mostrou que, em 2017, R$ 10 bilhões deixaram de ser arrecadados com as isenções fiscais aos agrotóxicos. Esse valor aumenta desde então — só a cadeia da soja recebeu R$ 57 bilhões em incentivos e desonerações em 2022. É muito para uma sociedade que precisa investir em seguridade social, saúde, educação, ciência e tecnologia, proteção ambiental e prevenção de catástrofes climáticas, principalmente para os mais pobres e vulneráveis, como acabamos de ver no Rio Grande do Sul. Esse estado deixou de arrecadar, em 2017, com isenção aos agrotóxicos, quase 60% do total da dívida que pagava anualmente. Mas esses valores são pequenos para o poderoso setor agropecuário, que, em 2023, teve um PIB de R$ 2,6 trilhões.</p> <p class="texto">Agora, querem manter o privilégio das isenções com a Reforma Tributária a ser votada. Em vez de pagarem mais impostos com o imposto seletivo, querem continuar a pagar menos, como medicamentos. Ora, deveriam isentar os alimentos da cesta básica, e não insumos tóxicos íveis de redução ou mesmo eliminação. O agronegócio diz ser impossível produzir sem agrotóxicos em um país tropical, e a maior taxação tornaria os alimentos mais caros. Isso não é verdade, principalmente para as commodities com preços regulados pelo mercado internacional. </p> <p class="texto">A transição não seria difícil: dados do Censo Agropecuário mostram que 64% dos estabelecimentos com pequenos e médios agricultores indicam não usar agrotóxicos. Outro argumento falacioso é que a desoneração dificultaria o combate à fome. Há várias razões para rebater a hipótese de elasticidade nula da demanda relacionada aos agrotóxicos, pois, nos médio e longo prazos, a tendência é de redução no uso, já que cobrar mais impostos favorece a escolha por tecnologias mais saudáveis. Com o tempo, os produtos orgânicos e agroecológicos tornam-se mais competitivos, como mostram os países que apoiam a transição e mais produzem orgânicos no mundo, seja na Oceania, Europa e mesmo América Latina e Ásia. </p> <p class="texto">Ainda há tempo para que a razão da ciência e dos especialistas, assim como o coração de sábios e artistas intuitivos, baixe no Congresso e influencie nossos deputados e deputadas. Precisamos nos realinhar com o tempo orgânico, transformar nossos pratos, corpos e espíritos em um tributo à vida, não à ganância que destrói a humanidade. Nosso planeta agradece.</p> <p class="texto">*Marcelo Firpo Porto - Pesquisador da Fiocruz e integrante do Grupo Temático Saúde e Ambiente da Abrasco; Bela Gil - Ativista e culinarista, membro do Instituto Brasil Orgânico; Wagner Soares - Pesquisador e professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (INCE/IBGE).</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/06/6888045-brasilia-e-suas-conquistas-merecem-respeito.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/06/24/mj2406_43-38368317.jpg" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Brasília e suas conquistas merecem respeito</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/06/6887943-visao-do-correio-trump-biden-e-a-democracia.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/06/27/000_34zm48a-38492315.jpg?20240628084014" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Visão do Correio: Trump, Biden e a democracia</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/06/6887941-ppcub-urbanismo-moderno-e-mais-sustentavel-no-df.html"> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>PPCUB: urbanismo moderno e mais sustentável no DF</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/06/28/1200x801/1_pri_3006_opini-38525214.jpg?20240629224044?20240629224044", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/06/28/1000x1000/1_pri_3006_opini-38525214.jpg?20240629224044?20240629224044", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/06/28/800x600/1_pri_3006_opini-38525214.jpg?20240629224044?20240629224044" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 27153n

Agrotóxicos 3p5x4m impostos e um tributo pela vida
Artigo

Agrotóxicos, impostos e um tributo pela vida 686xk

Impera no Brasil um total contrassenso: os agrotóxicos recebem isenções iguais a insumos como enxadas e tratores, mesmo tendo o potencial de causar doenças e mortes 6y1u33

Nas próximas semanas, poderemos tornar nossa agricultura mais ecológica, nossos alimentos mais saudáveis e nosso planeta mais justo, solidário e sustentável. O Congresso Nacional está regulamentando a Reforma Tributária e decidirá quais produtos devem pagar mais ou menos impostos, e isso inclui os agrotóxicos. Como são produtos perigosos e fazem mal à saúde e ao meio ambiente, deveriam pagar mais impostos, não menos, exatamente como é feito para os cigarros e as bebidas. Contudo, impera no Brasil um total contrassenso: os agrotóxicos recebem isenções iguais a insumos como enxadas e tratores, mesmo tendo o potencial de causar doenças e mortes por intoxicações agudas ou doenças crônicas, como o câncer. Quem paga essa conta são a sociedade e as gerações atuais e futuras pelos efeitos ao sistema de saúde, à Previdência Social, ao meio ambiente, além do sofrimento às famílias dos trabalhadores e pessoas afetadas.

Cresceu no Brasil, como um câncer, um modelo de agronegócio químico-dependente para produzir commodities em monocultivos de soja, milho, cana e algodão. Para os latifúndios se ampliarem, precisam desmatar e matar a biodiversidade natural dos agroecossistemas com muito veneno e pouco imposto, abalando também nossas esperanças por outro futuro. Só as commodities mencionadas consomem 84% dos agrotóxicos do país, mas deixam de pagar muitos impostos. No modelo atual de isenção, deixam de ser arrecadados três impostos federais (Pis-Pasep/Cofins, IPI e Importação) e o ICMS, de âmbito estadual. As unidades federativas onde há perda de arrecadação reduzem sua capacidade de investimentos para pagar suas dívidas e oferecer serviços públicos com mais qualidade. 

Estudo com pesquisadores da Fiocruz e IBGE mostrou que, em 2017, R$ 10 bilhões deixaram de ser arrecadados com as isenções fiscais aos agrotóxicos. Esse valor aumenta desde então — só a cadeia da soja recebeu R$ 57 bilhões em incentivos e desonerações em 2022. É muito para uma sociedade que precisa investir em seguridade social, saúde, educação, ciência e tecnologia, proteção ambiental e prevenção de catástrofes climáticas, principalmente para os mais pobres e vulneráveis, como acabamos de ver no Rio Grande do Sul. Esse estado deixou de arrecadar, em 2017, com isenção aos agrotóxicos, quase 60% do total da dívida que pagava anualmente. Mas esses valores são pequenos para o poderoso setor agropecuário, que, em 2023, teve um PIB de R$ 2,6 trilhões.

Agora, querem manter o privilégio das isenções com a Reforma Tributária a ser votada. Em vez de pagarem mais impostos com o imposto seletivo, querem continuar a pagar menos, como medicamentos. Ora, deveriam isentar os alimentos da cesta básica, e não insumos tóxicos íveis de redução ou mesmo eliminação. O agronegócio diz ser impossível produzir sem agrotóxicos em um país tropical, e a maior taxação tornaria os alimentos mais caros. Isso não é verdade, principalmente para as commodities com preços regulados pelo mercado internacional. 

A transição não seria difícil: dados do Censo Agropecuário mostram que 64% dos estabelecimentos com pequenos e médios agricultores indicam não usar agrotóxicos. Outro argumento falacioso é que a desoneração dificultaria o combate à fome. Há várias razões para rebater a hipótese de elasticidade nula da demanda relacionada aos agrotóxicos, pois, nos médio e longo prazos, a tendência é de redução no uso, já que cobrar mais impostos favorece a escolha por tecnologias mais saudáveis. Com o tempo, os produtos orgânicos e agroecológicos tornam-se mais competitivos, como mostram os países que apoiam a transição e mais produzem orgânicos no mundo, seja na Oceania, Europa e mesmo América Latina e Ásia. 

Ainda há tempo para que a razão da ciência e dos especialistas, assim como o coração de sábios e artistas intuitivos, baixe no Congresso e influencie nossos deputados e deputadas. Precisamos nos realinhar com o tempo orgânico, transformar nossos pratos, corpos e espíritos em um tributo à vida, não à ganância que destrói a humanidade. Nosso planeta agradece.

*Marcelo Firpo Porto - Pesquisador da Fiocruz e integrante do Grupo Temático Saúde e Ambiente da Abrasco; Bela Gil - Ativista e culinarista, membro do Instituto Brasil Orgânico; Wagner Soares - Pesquisador e professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (INCE/IBGE).

Mais Lidas 2m2j3i