{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/08/6929090-artigo-o-genial-ministro-de-belindia.html", "name": "Artigo: O genial ministro de Belíndia", "headline": "Artigo: O genial ministro de Belíndia", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2024-08-28T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto"><strong>Cristovam Buarque*</strong></p> <p class="texto">A contribuição como analista de problemas herdados e formulador de estratégias coloca Delfim Netto entre os mais importantes economistas e mais influentes políticos de nossa história. Nos dias seguintes à sua morte, foi louvado pela inteligência e pelo papel no salto do PIB brasileiro, na década de 1970; também pela versatilidade em apoiar os militares em um momento e, em outro, ser o guru do PT. Assumiu-se que seu único pecado teria sido político, o AI-5; mas seu grande pecado foi econômico, por ter procrastinado o pagamento das dívidas da economia com o povo e a nação do Brasil. Ele foi realizador de curto milagre econômico, não foi promotor das reformas estruturais de que o Brasil precisa.<br /></p> <ul> <li><strong>Leia também: <a href="/opiniao/2024/08/6928930-onde-estao-as-atas.html">Onde estão as atas?</a></strong></li> </ul> <p class="texto">Apesar de sua competência, Delfim trabalhou com a mesma miopia dos economistas que buscam crescimento sem sustentabilidade nem justiça. No <strong>Correio Braziliense</strong>, no dia seguinte à morte de Delfim Netto, André Gustavo Stumpf lembrou a frase do ex-ministro "Dívida não se paga, istra-se", que caracteriza o pensamento econômico brasileiro. Essa visão tem sido usada para adiar o pagamento de dívidas que amarram o Brasil. Adotam medidas para reduzir a penúria, mas sem estratégias para superar a tragédia da pobreza e a vergonha da desigualdade. Ignoram que a educação de base com qualidade e equidade é o vetor fundamental tanto para o aumento da renda social quanto para sua distribuição. Criaram o real, mas não reduzimos, e até aumentamos, os gastos e a ineficiência do Estado. Mantemos a dívida da baixa produtividade, dando isenções e subsídios que, às vezes, agravam os gargalos e, há décadas, emperram nossa economia.</p> <p class="texto">Delfim via a pobreza como falta de crescimento econômico, não como um dos impedimentos ao crescimento econômico. Ao dizer a famosa frase "É preciso fazer o bolo do PIB crescer, para depois dividi-lo", escondeu que a pobreza é hoje, como a escravidão foi no ado, um instrumento para promover o aumento do PIB, ao concentrar a renda e baixar salários como forma de criar demanda para produtos caros e forçar a poupança para induzir o crescimento no curto prazo.<br /></p> <ul> <li><strong>Leia também: <a href="/opiniao/2024/08/6928403-acao-conjunta-e-urgente-para-o-brasil-em-chamas.html">Ação conjunta é urgente para o Brasil em chamas</a></strong></li> </ul> <p class="texto">Ele e muitos economistas não perceberam que a superação da pobreza só se consegue pela ibilidade de todos aos serviços sociais básicos, porque a renda criada pelo crescimento econômico não se distribui espontaneamente, nem seria capaz de permitir a compra de todos esses serviços no mercado. O ex-ministro tampouco viu que a permanência da pobreza leva ao apodrecimento moral do bolo do PIB, à instabilidade da democracia, além de limitar o crescimento no médio prazo devido à baixa produtividade da mão de obra; não percebeu que crescer sem distribuir não é apenas imoral, é também ineficiente e insustentável. Ele não viu que não é a falta de crescimento que provoca pobreza, é a pobreza que impede o crescimento sustentável.</p> <p class="texto">Apesar de sua genialidade, Delfim e demais economistas "de direita" consideram que a baixa qualidade de nossa educação é consequência do subdesenvolvimento, e não que o subdesenvolvimento é consequência da baixa qualidade e da desigualdade como a educação é oferecida; por sua vez, os economistas "de esquerda" consideram que a educação de base só será bem distribuída quando a renda for bem distribuída, não que a boa distribuição de renda depende do o isonômico de toda população à educação de qualidade, independentemente da classe social da criança.</p> <ul> <li><strong>Leia também: <a href="/opiniao/2024/08/6928306-artigo-muito-alem-dos-incendios.html">Artigo: Muito além dos incêndios</a></strong></li> </ul> <p class="texto">Foi a influência política de Delfim sobre os ditadores que levou o país ao milagre econômico com taxas de crescimento que nunca mais voltamos a ter, sem pagar e até agravando as dívidas social, fiscal e ecológica. Sua influência acadêmica formou uma geração de procrastinadores de dívidas, especialmente, com a educação. Por isso, nossos milagres se esgotaram rapidamente. Delfim foi o símbolo da genialidade de nossos economistas com táticas para istrar dívidas sem enfrentá-las; adiando os problemas sem construir um país eficiente, justo, rico, sustentável e democrático. Sob essa cegueira, ele foi um dos melhores: colocou nossa economia entre as maiores do mundo, mas fez do Brasil o que, já no início dos anos 1970, Edmar Bacha chamava de "Belíndia", injusta e insustentável. <br /></p> <p class="texto"><em>Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB)*</em></p> <p class="texto"><em><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/08/6929258-visao-do-correio-lideranca-ambiental-sem-ambiguidades.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/05/10/cbpfot140320110333-7941144.jpg?20240827200843" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Visão do Correio: Liderança ambiental sem ambiguidades</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/08/6929156-artigo-o-conselho-de-politica-externa-deve-refletir-nossa-diversidade.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/02/26/pri_2702_opiniao-7511135.jpg?20240827184020" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: O Conselho de Política Externa deve refletir nossa diversidade</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/08/6929090-artigo-o-genial-ministro-de-belindia.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/27/opiniao_2808-39643982.jpg?20240827203645" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: O genial ministro de Belíndia</span> </div> </a> </li> </ul> </div></em></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/27/1200x801/1_opiniao_2808-39643982.jpg?20240827203645?20240827203645", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/27/1000x1000/1_opiniao_2808-39643982.jpg?20240827203645?20240827203645", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/27/800x600/1_opiniao_2808-39643982.jpg?20240827203645?20240827203645" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } s3b4u

Artigo s2361 O genial ministro de Belíndia
Artigo

Artigo: O genial ministro de Belíndia 1i494v

Apesar de sua competência, Delfim Netto trabalhou com a mesma miopia dos economistas que buscam crescimento sem sustentabilidade nem justiça 2m4m54

Cristovam Buarque*

A contribuição como analista de problemas herdados e formulador de estratégias coloca Delfim Netto entre os mais importantes economistas e mais influentes políticos de nossa história. Nos dias seguintes à sua morte, foi louvado pela inteligência e pelo papel no salto do PIB brasileiro, na década de 1970; também pela versatilidade em apoiar os militares em um momento e, em outro, ser o guru do PT. Assumiu-se que seu único pecado teria sido político, o AI-5; mas seu grande pecado foi econômico, por ter procrastinado o pagamento das dívidas da economia com o povo e a nação do Brasil. Ele foi realizador de curto milagre econômico, não foi promotor das reformas estruturais de que o Brasil precisa.

Apesar de sua competência, Delfim trabalhou com a mesma miopia dos economistas que buscam crescimento sem sustentabilidade nem justiça. No Correio Braziliense, no dia seguinte à morte de Delfim Netto, André Gustavo Stumpf lembrou a frase do ex-ministro "Dívida não se paga, istra-se", que caracteriza o pensamento econômico brasileiro. Essa visão tem sido usada para adiar o pagamento de dívidas que amarram o Brasil. Adotam medidas para reduzir a penúria, mas sem estratégias para superar a tragédia da pobreza e a vergonha da desigualdade. Ignoram que a educação de base com qualidade e equidade é o vetor fundamental tanto para o aumento da renda social quanto para sua distribuição. Criaram o real, mas não reduzimos, e até aumentamos, os gastos e a ineficiência do Estado. Mantemos a dívida da baixa produtividade, dando isenções e subsídios que, às vezes, agravam os gargalos e, há décadas, emperram nossa economia.

Delfim via a pobreza como falta de crescimento econômico, não como um dos impedimentos ao crescimento econômico. Ao dizer a famosa frase "É preciso fazer o bolo do PIB crescer, para depois dividi-lo", escondeu que a pobreza é hoje, como a escravidão foi no ado, um instrumento para promover o aumento do PIB, ao concentrar a renda e baixar salários como forma de criar demanda para produtos caros e forçar a poupança para induzir o crescimento no curto prazo.

Ele e muitos economistas não perceberam que a superação da pobreza só se consegue pela ibilidade de todos aos serviços sociais básicos, porque a renda criada pelo crescimento econômico não se distribui espontaneamente, nem seria capaz de permitir a compra de todos esses serviços no mercado. O ex-ministro tampouco viu que a permanência da pobreza leva ao apodrecimento moral do bolo do PIB, à instabilidade da democracia, além de limitar o crescimento no médio prazo devido à baixa produtividade da mão de obra; não percebeu que crescer sem distribuir não é apenas imoral, é também ineficiente e insustentável. Ele não viu que não é a falta de crescimento que provoca pobreza, é a pobreza que impede o crescimento sustentável.

Apesar de sua genialidade, Delfim e demais economistas "de direita" consideram que a baixa qualidade de nossa educação é consequência do subdesenvolvimento, e não que o subdesenvolvimento é consequência da baixa qualidade e da desigualdade como a educação é oferecida; por sua vez, os economistas "de esquerda" consideram que a educação de base só será bem distribuída quando a renda for bem distribuída, não que a boa distribuição de renda depende do o isonômico de toda população à educação de qualidade, independentemente da classe social da criança.

Foi a influência política de Delfim sobre os ditadores que levou o país ao milagre econômico com taxas de crescimento que nunca mais voltamos a ter, sem pagar e até agravando as dívidas social, fiscal e ecológica. Sua influência acadêmica formou uma geração de procrastinadores de dívidas, especialmente, com a educação. Por isso, nossos milagres se esgotaram rapidamente. Delfim foi o símbolo da genialidade de nossos economistas com táticas para istrar dívidas sem enfrentá-las; adiando os problemas sem construir um país eficiente, justo, rico, sustentável e democrático. Sob essa cegueira, ele foi um dos melhores: colocou nossa economia entre as maiores do mundo, mas fez do Brasil o que, já no início dos anos 1970, Edmar Bacha chamava de "Belíndia", injusta e insustentável. 

Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB)*

Mais Lidas 2m2j3i