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Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, e Sarah Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8, foram vítimas fatais desse conteúdo viral, com a anuência de uma empresa de tecnologia. E, mais uma vez, diante de episódios trágicos como esses, ressurgem discursos que insistem em direcionar toda a responsabilidade às famílias — justamente aquelas que dedicavam a vida para criar suas crianças e, hoje, estão mergulhadas no luto. "Onde estavam os pais?", "Por que não controlaram o o a esses conteúdos?", perguntam, como se o limite do cuidado fosse o portão das casas.</p> <p class="texto">No entanto, um ponto central — e frequentemente negligenciado — é o papel das plataformas digitais, que transformam conteúdos perigosos em acúmulo de visualizações. Trata-se de um sistema sustentado por algoritmos e modelos de negócio que premiam o engajamento a qualquer custo — mesmo quando ele resulta em tragédias. 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Em 2021, o caso da menina italiana, de 10 anos, que perdeu a vida após participar de um desafio viral mobilizou as autoridades do país e levou o TikTok a se comprometer com a adoção de medidas para implementar uma verificação de idade mais eficaz. Ainda assim, em 2024, o governo italiano se viu obrigado a aplicar uma multa de 10 milhões de euros à empresa pelas falhas contínuas no controle de conteúdos que são ados por crianças e adolescentes. 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Desafio do desodorante 25534b quando o lucro fala mais alto
Opinião

Desafio do desodorante: quando o lucro fala mais alto 1z6041

O debate sobre a regulação das plataformas digitais precisa avançar com urgência no Brasil. Não podemos aceitar que mais vidas sejam perdidas em nome dos interesses comerciais p5rs

Maria Mellocoordenadora de Digital do Instituto Alana

Em um intervalo de apenas um mês, duas meninas brasileiras perderam a vida, ao que tudo indica, por conta do chamado desafio do desodorante, que circula livremente nas redes sociais incentivando usuários a inalar o produto pelo máximo de tempo possível. Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, e Sarah Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8, foram vítimas fatais desse conteúdo viral, com a anuência de uma empresa de tecnologia. E, mais uma vez, diante de episódios trágicos como esses, ressurgem discursos que insistem em direcionar toda a responsabilidade às famílias — justamente aquelas que dedicavam a vida para criar suas crianças e, hoje, estão mergulhadas no luto. "Onde estavam os pais?", "Por que não controlaram o o a esses conteúdos?", perguntam, como se o limite do cuidado fosse o portão das casas.

No entanto, um ponto central — e frequentemente negligenciado — é o papel das plataformas digitais, que transformam conteúdos perigosos em acúmulo de visualizações. Trata-se de um sistema sustentado por algoritmos e modelos de negócio que premiam o engajamento a qualquer custo — mesmo quando ele resulta em tragédias. À medida que as plataformas permanecem praticamente inertes frente à urgência do tema, a emergência de repensar o funcionamento dessas plataformas só aumenta. Precisamos de modelos que respeitem os direitos humanos, que priorizem a vida acima do clique e que se comprometam, de forma concreta, com a construção de uma internet justa, segura e democrática — sobretudo para quem está em fase de desenvolvimento e ainda não dispõe de ferramentas fundamentais para se proteger sozinho.

A percepção pública já manifesta esse apelo: nove entre 10 brasileiros acreditam que as redes sociais fazem menos do que deveriam para proteger crianças on-line, segundo pesquisa do Instituto Alana em parceria com o Datafolha. O sentimento de desamparo em relação às grandes empresas de tecnologia não é exclusivo do Brasil. Em 2021, o caso da menina italiana, de 10 anos, que perdeu a vida após participar de um desafio viral mobilizou as autoridades do país e levou o TikTok a se comprometer com a adoção de medidas para implementar uma verificação de idade mais eficaz. Ainda assim, em 2024, o governo italiano se viu obrigado a aplicar uma multa de 10 milhões de euros à empresa pelas falhas contínuas no controle de conteúdos que são ados por crianças e adolescentes. Esse é mais um dos episódios que evidenciam como, mesmo diante de tragédias, as ações das plataformas seguem sendo reativas, limitadas — e, muitas vezes, distantes de uma responsabilização concreta pela proteção dos mais novos.

E apesar desses casos se repetirem em todo o mundo, é fundamental salientar que, aqui no Brasil, a exposição aos riscos que circulam no ambiente digital é muito maior por conta da incoerência das plataformas digitais que oferecem menos proteção para crianças e adolescentes da América Latina, África e Ásia — o Sul Global —, enquanto na Europa e nos Estados Unidos, os recursos se mostram mais rigorosos. A exemplo disso, temos que mencionar que, ainda hoje, é possível ar no YouTube vídeos de criadores de conteúdo brasileiros publicados entre 2010 e 2016 que incentivam desafios perigosos, sendo que alguns deles acumulam alguns milhões de visualizações e continuam sendo monetizados com anúncios de grandes marcas. Ou seja, além de permanecerem disponíveis, esses conteúdos seguem gerando lucro — mesmo quando representam um risco direto para crianças do país.

A proteção de crianças e adolescentes é um compromisso coletivo, como estabelece o artigo 227 da Constituição Federal. Por mais que campanhas educativas e ações de conscientização sejam fundamentais — assim como conteúdos que orientem mães, pais, responsáveis e educadores na mediação do uso das telas —, é preciso frisar que essas iniciativas, sozinhas, não são suficientes. Enquanto vídeos perigosos permanecerem íveis e escaparem de uma atuação verdadeiramente comprometida com os direitos das infâncias por parte das redes sociais, o problema persistirá. 

Por isso, o debate sobre a regulação das plataformas digitais precisa avançar com urgência no Brasil. Não podemos aceitar que mais vidas sejam perdidas em nome dos interesses comerciais. A proteção dos mais novos não pode ser uma escolha, tampouco se resumir a promessas vazias que não se traduzem em mudanças reais nas políticas internas dessas empresas. Proteger a infância é dever de todos — e isso inclui, sem exceção, as plataformas digitais. 

 

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