
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a presença do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um matrizeiro de aves comerciais em Montenegro, no Rio Grande do Sul. É o primeiro foco detectado no Brasil pela doença, que circula na Ásia, na África e na Europa.
O vírus não é transmitido pelo consumo de carne de aves e ovos, mas a doença pode afetar tratadores e pessoas com contato direto com as aves infectadas. Trata-se de uma emergência sanitária grave, que está no centro das atenções das autoridades brasileiras, sobretudo dos ministérios da Agricultura e Pecuária, Saúde e Meio Ambiente.
Um plano de contingência está em execução. O serviço veterinário do governo vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento dessa doença há mais de 20 anos, com o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, o treinamento constante de técnicos dos serviços veterinários oficiais e privados, ações de educação sanitária e a implementação de atividades de vigilância nos pontos de fronteira.
Mesmo assim, surgiu um foco no Sul. A notícia é péssima para o agronegócio brasileiro, porque afeta a imagem da carne de frango brasileira e compromete acordos comerciais recentes, num momento de expansão das exportações do produto. É fundamental que o governo atue com rapidez e transparência.
A adoção imediata de protocolos sanitários rigorosos e a comunicação clara com os parceiros internacionais são medidas essenciais para conter impactos econômicos e preservar a confiança no sistema de controle sanitário brasileiro. A demora ou a omissão podem custar caro, não apenas ao setor exportador, mas à economia como um todo.
A Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de frango do Brasil, atrás apenas do Paraná e de Santa Catarina. Juntos, esses três estados respondem por quase 58% do volume de carne de frango produzida no país. Goiás (9,10%) e São Paulo (8,65%) também são grandes produtores.
As exportações de frango registraram um recorde de 5,294 milhões de toneladas, uma receita de US$ 9,928 bilhões. O que está em risco são nossas exportações para a Ásia, sobretudo China (562,2 mil toneladas), Emirados Árabes Unidos (455,1 mil), Japão (443,2) mil toneladas e Arabia Saudita (270,8 mil), países que recentemente ampliaram acordos comerciais com o Brasil, ), além da União Europeia (231,9 mil toneladas).
Quinta-feira, a China suspendeu as importações de carne de frango brasileira por 60 dias, após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em Montenegro, conforme protocolo sanitário bilateral; nesta sexta-feira, a Argentina e a União Europeia fizeram a mesma coisa. Além disso, as exportações de carne de frango e produtos avícolas do Rio Grande do Sul foram suspensas temporariamente para todos os países, por decisão das autoridades sanitárias brasileiras.