{ "@context": "http://www.schema.org", "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/politica/2022/06/5014765-hora-de-trocar-o-nao-pelo-sim.html", "name": "Tebet fala em 'avenida eleitoral' entre Lula e Bolsonaro: 'Apoios virão'", "headline": "Tebet fala em 'avenida eleitoral' entre Lula e Bolsonaro: 'Apoios virão'", "alternateName": "Entrevista ", "alternativeHeadline": "Entrevista ", "datePublished": "2022-06-12-0306:00:00-10800", "articleBody": "<p class="texto">Em casa, recuperando-se de uma infecção de covid-19, a <a href="/politica/2022/05/5010617-simone-tebet-quem-e-a-mulher-que-deve-comandar-a-terceira-via.html" target="_blank" rel="noopener noreferrer">senadora Simone Tebet (MDB-MS)</a> tirou o sábado para falar da campanha para a Presidência, já como <a href="/politica/2022/06/5014064-psdb-vai-de-tebet-e-poe-tasso-na-vice.html" target="_blank" rel="noopener noreferrer">pré-candidata oficial do autodenominado centro democrático</a> — aliança integrada por MDB, PSDB e Cidadania. Na conversa com o <strong>Correio</strong>, criticou o populismo dos dois favoritos e tentou ar confiança de que pode se tornar uma candidata competitiva, a ponto de disputar o segundo turno. Sobre as divergências internas, a senadora reconhece que não terá unanimidade dentro dos partidos que compõem a tríplice aliança, e não vê problemas em dividir palanques ora com apoiadores de Lula, ora com bolsonaristas. Na entrevista, Tebet também falou de privatizações, machismo, violência contra a mulher e se colocou "radicalmente contra" armar a população civil.</p> <p class="texto"><strong>A senhora se propõe a romper a polarização entre Lula e Bolsonaro. Mas os dois principais partidos da terceira via — MDB e PSDB — estão polarizados há muito tempo em vários estados.</strong></p> <p class="texto"><em>Essa eleição é atípica em todos os sentidos. Primeiro, porque a minha candidatura era uma entre sete ou oito pré-candidatos. De dez dias para cá, as coisas mudaram, chegou-se ao meu nome. Agora, nós zeramos o jogo e começamos a construção em favor deste centro democrático. MDB e PSDB começaram com uma incerteza, eu tinha uma maioria não folgada e, agora, cheguei na última reunião da Executiva com mais de 90% de apoio. Aconteceu a mesma coisa no PSDB. A partir daí as coisas acontecem nos palanques regionais.</em></p> <p class="texto"><strong>O processo, então, ocorre dentro do esperado?</strong></p> <p class="texto"><em>Nesse aspecto, essa eleição não vai ser diferente das outras, apenas a pré-campanha, hoje, virou um Big Brother, está mais exposta. Nós sempre tivemos, num país da grandeza do Brasil, palanques regionais com decisões diferentes das posições nacionais. A diferença é que o centro democrático, agora, tem três partidos históricos unidos para apresentarmos uma alternativa a essa polarização ideológica que está levando o país para o abismo.</em></p> <p class="texto"><strong>O eleitor vai perceber isso?</strong></p> <p class="texto"><em>A sociedade e o eleitorado têm essa percepção. O eleitor, hoje, está optando pelo voto do "não", e não pelo voto do "sim". Nesse aspecto, temos uma avenida pela frente. E quando temos essa avenida eleitoral, automaticamente você cria apoios a partir do fortalecimento da sua candidatura. Os apoios virão quando nos posicionarmos e começarmos a pontuar nas pesquisas.</em></p> <p class="texto"><strong>Como se equilibrar diante dessas divergências?</strong></p> <p class="texto"><em>Sei que haverá estados em que teremos dois palanques, estados em que não teremos nenhum e estados em que nós teremos que dividir palanque com outras candidaturas, porque os candidatos a governador, muitas vezes, terão apoio de partidos que já têm candidatos à Presidência da República. Como é que vai fechar o palanque para um candidato só?</em></p> <p class="texto"><strong>São os dilemas da política do mundo real...</strong></p> <p class="texto"><em>Há um equívoco de achar que o palanque regional vai conseguir impor uma candidatura à Presidência da República. O que a gente precisa nessa união é a estrutura que esses partidos têm para oferecer — nem tanto a financeira. É do tempo de rádio, de televisão, a estrutura intelectual. Os três coordenadores (dos partidos aliados) estão conversando. Esse é um ativo muito importante para uma campanha. Hoje eu sou MDB, hoje eu sou PSDB, sou Cidadania, represento essa força, esse movimento.</em></p> <p class="texto"><strong>E o que acontece agora?</strong></p> <p class="texto"><em>A partir do momento em que, de forma organizada, começarmos a preparar um mesmo programa de governo, os presidentes (das legendas) terão força igualmente, os coordenadores de campanha vão ter força igualmente. A conta é simples: há 40% dos eleitores que não votam em candidato nenhum ou que podem mudar o voto. Se quase 60% não me conhecem e há 40% que não querem nenhum dos dois e pensam em mudar o voto, há uma avenida muito grande.</em></p> <p class="texto"><strong>Qual foi o papel do senador Tasso Jereissati e do ex-governador Eduardo Leite nas negociações para destravar a terceira via?</strong></p> <p class="texto"><em>Sobre Leite, tenho pouco a falar, estivemos juntos poucas vezes. Mas o fato de ele ter tido esse espírito democrático de reconhecer que o palanque regional é uma construção o coloca numa posição importante no processo. Tasso Jereissati, sim, somos muito próximos. Ele é um baluarte do PSDB. Foi importantíssimo nessa construção. Mas não podemos desmerecer quem foi decisivo na unificação, o presidente (do PSDB) Bruno Araújo. Ele foi incansável na demonstração de que este é um momento atípico em que não se pode dividir palanque.</em></p> <p class="texto"><strong>Como pretende reduzir o crescimento da rejeição ao seu nome, conforme indicam algumas pesquisas?</strong></p> <p class="texto"><em>Você rejeita o que não conhece. Eu sou desconhecida por mais de 60% do eleitorado. É natural que as pessoas não queiram votar em quem não conhecem. Ao mesmo tempo, por ser desconhecida, eu não tenho rejeição que me impeça de crescer. Essa é a facilidade de se unir a pessoas que pensam não de forma hegemônica, mas homogênea. Temos a mesma visão de Brasil e o mesmo entendimento para a saída da crise econômica. Nossa equipe não deixa de ter uma irmandade com a equipe econômica do PSDB.</em></p> <p class="texto"><strong>A quem a senhora se refere?</strong></p> <p class="texto"><em>Estou falando de Elena Landau, de pessoas que vieram nos ajudando e que são, de alguma forma, atreladas ao Plano Real. E a gente vinha dialogando, também, pois somos muito amigas, com a equipe feminina do PSDB do João Doria, como (a economista) Zeina Latif. São projetos que se somam. Vamos conversar, no momento oportuno, com (o ex-governador) João Doria, com (governador de São Paulo) Rodrigo Garcia. Queremos ouvi-los em relação ao plano de governo.</em></p> <p class="texto"><strong>Como ele será elaborado?</strong></p> <p class="texto"><em>O plano não está pronto, acabado, nem estará pronto até as convenções (partidárias, a partir do fim de julho), faço questão de dizer isso. O arcabouço e as linhas mestras estão muito bem definidas na minha cabeça. Criança, adolescente e família como centro das políticas públicas na sua transversalidade. O centro são as pessoas, o cidadão do presente e do futuro. A partir daí, tudo vem sob a ótica social, sob a ótica ambiental, de um governo eficiente como meio de alcançar o desenvolvimento sustentável. Temos uma visão muito similar sobre como alcançar essa justiça social, essa diminuição da desigualdade.</em></p> <p class="texto"><em><div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/06/10/47743685301_3e9ede605c_o-25847277.jpg?20220610234547" class="contain" layout="fill" alt="Senadora Simone Tebet (MDB-MS)."></amp-img> <figcaption class="fonte"> Jefferson Rudy/Agência Senado - <b>Simone Tebet corre o risco de não ter palanques em estados fundamentais para que sua candidatura presidencial ganhe consistência</b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/05/25/250522ea_74-25731118.jpg?20220526180810" class="contain" layout="fill" alt=" 25/05/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Politica. Coletiva de Impresa da Senadora e Pre-Candidata a Presidencia da Republica -MDB Simone Tebet. "></amp-img> <figcaption class="fonte"> Ed Alves/CB - <b> 25/05/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Politica. Coletiva de Impresa da Senadora e Pre-Candidata a Presidencia da Republica -MDB Simone Tebet. </b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/05/24/tebet-25722198.jpg?20220524234646" class="contain" layout="fill" alt="Em pronunciamento, à bancada, senadora Simone Tebet (MDB-MS). "></amp-img> <figcaption class="fonte"> Roque de Sá/Agência Senado - <b>Simone Tebet mostrou força dentro da própria legenda. Dirigentes da maioria dos diretórios estaduais manifestaram apoio público à pré-candidata</b> </figcaption> </div> </amp-carousel> </div></em></p> <p class="texto"><strong>Lula e Bolsonaro são dois lados da mesma moeda?</strong></p> <p class="texto"><em>É claro que não podemos igualar situações quando estamos diante de um presidente que não respeita as instituições democráticas. Mas, sim, no aspecto político-eleitoral, eles são (lados da mesma moeda), na medida em que se retroalimentam desse discurso do ódio, do nós contra eles, de uma polarização ideológica que não leva o Brasil a lugar nenhum. E só sobre essa ótica é que eles se retroalimentam.</em></p> <p class="texto"><strong>Como ganhar votos no Nordeste, que está fortemente polarizado? Tasso Jereissati ajuda?</strong></p> <p class="texto"><em>Ajuda a furar essa bolha. É na base do "nem um nem outro, vote numa mulher". A mulher nordestina é a cara mais sofrida, mais pobre do Brasil, é a primeira a ser atingida em tudo, no desemprego, na fome, na falta de qualidade dos serviços públicos. Tenho convicção de que a mulher brasileira vai decidir essa eleição.</em></p> <p class="texto"><strong>No Senado, a senhora votou com o governo Bolsonaro em pautas como a Reforma da Previdência e a autonomia do Banco Central. Mas foi contra o modelo de privatização da Eletrobras e se posiciona contra a venda da Petrobras. Qual a sua posição em relação à agenda econômica?</strong></p> <p class="texto"><em>Essa narrativa dá mérito a um governo que não o merece. A Reforma da Previdência nunca foi pauta deste governo. A pauta estava pronta para ser votada no governo Michel Temer, mas foi interditada temporariamente por dificuldades políticas e jurídicas. A autonomia do Banco Central, da mesma forma. Não é uma pauta do Bolsonaro. A nossa pauta é de uma economia liberal, mas não o neoliberalismo sem alma do governo federal. Eu sou radicalmente contra esse liberalismo sem alma do Paulo Guedes. O Congresso só aprovou essas pautas porque soube equilibrar, tirar os excessos, a insensibilidade do governo.</em></p> <p class="texto"><strong>E a privatização da Eletrobras?</strong></p> <p class="texto"><em>Eu ia votar a favor porque sou favorável à capitalização. O problema é que o Congresso Nacional colocou um jabuti — e não era um jabuti qualquer. Mudou tudo e tornou inviável aprovar a proposta sem colocar a digital numa negociata corrupta e imoral que estava sendo feita, que era exigir para a capitalização que o governo investisse quase R$ 100 bilhões para levar gasodutos ao Nordeste com objetivo de atender a meia dúzia de usineiros sem gás e lobistas dentro do Congresso Nacional. Por isso não votei a favor da capitalização da Eletrobras. E que também não é um projeto do governo. Já vinha sendo discutida antes no Congresso.</em></p> <p class="texto"><strong>Em relação à Petrobras, a senhora se mantém contrária à privatização?</strong></p> <p class="texto"><em>Isso eu sou. Para mim, a privatização não pode ser um fim em si mesmo. Tem que ser um meio, tem que servir a dois propósitos: quando a empresa é deficitária e atenderia melhor as necessidades da sociedade se estivesse nas mãos da iniciativa privada, que é parceira; e quando ela não é estratégica, mesmo que superavitária. A Petrobras é superavitária e é estratégica para o desenvolvimento nacional. Seja porque tem uma grande missão social, com fundos sociais para educação, para saúde e meio ambiente, seja porque traz dividendos. É dinheiro na veia para educação, saúde, habitação e obras de infraestrutura. E ela é de relevante interesse público. Você pode até falar da privatização de subsidiárias, mas não da parte de produção. O petróleo é nosso, a produção é nossa. A Petrobras tem condições de servir ainda muito mais.</em></p> <p class="texto"><strong>Qual o problema, então?</strong></p> <p class="texto"><em>O problema da Petrobras é ser mal gerida. Escolhem-se presidentes da Petrobras para depois fazer ingerência política. Temos que colocar um presidente que tenha a noção exata do que ela representa. Ela é uma sociedade anônima, serve, sim, aos seus acionistas, mas tem como prioridade absoluta o fim social.</em></p> <p class="texto"><strong>E a PEC dos combustíveis?</strong></p> <p class="texto"><em>O caminho está errado. Há solução dentro da lei e não é populista. Você tem hoje um quadro excepcional: acabamos de sair de uma pandemia e entramos numa guerra com países produtores. Temos escassez de petróleo de um lado e desvalorização da nossa moeda de outro. Porque não soubemos nos conduzir bem na pandemia, o dólar subiu demais no Brasil, e isso não é culpa de guerra nenhuma, é culpa de uma má gestão.</em></p> <p class="texto"><strong>É justo transferir recursos nesse montante, como quer o governo com a PEC, para baratear um pouco o combustível?</strong></p> <p class="texto"><em>Claro que não. A saída está dentro da Constituição, primeiro podemos zerar PIS/Cofins não só do diesel, mas de toda a cadeia, até o fim do ano. Dá uma redução de até 80 centavos no litro, cerca de 11%, não é pouco. E, excepcionalmente, tem o crédito extraordinário, que pode ser usado temporariamente para subsidiar a gasolina. Não é um fundo de estabilização, que seria permanente, mas um caixa à disposição para fazer o preço baixar em até R$ 1,50 na bomba só com essas medidas. Esse é um problema temporário. Mas, se o governo não der outras alternativas, eu prefiro votar favoravelmente ao projeto e ver o preço da comida da cesta básica cair nas gôndolas do supermercado. Eu sei que a fome está relacionada também ao preço dos combustíveis.</em></p> <p class="texto"><strong>A foto da reunião de cúpula dos três partidos, quando foi fechado o acordo da terceira via — a senhora participou por videoconferência —, só mostrava homens no gabinete do senador Tasso Jereissati...</strong></p> <p class="texto"><em>...E só homens brancos, não é?</em></p> <p class="texto"><strong>Pois é, foi uma foto simbólica para quem defende a igualdade entre homens e mulheres. Esse debate tem discurso, mas não tem prática?</strong></p> <p class="texto"><em>Com perseverança e certeza de que estamos no caminho certo. A política brasileira vai encontrar o seu caminho quando tiver pelo menos 30% de mulheres eleitas e participando das comissões executivas dos partidos. Por outro lado, é a primeira vez que o maior partido do Brasil lança uma candidata mulher. É a primeira vez que o centro democrático se une em torno de uma candidata mulher. Embora aquela foto tenha sido masculina, ela estava em torno de uma candidatura feminina. E isso é um avanço.</em></p> <p class="texto"><strong>Como vê esse movimento pró-armas para a população civil, patrocinado pelo presidente Bolsonaro?</strong></p> <p class="texto"><em>Sou radicalmente contra. As principais vítimas das armas de fogo são os jovens e as mulheres. Nada mais caro para uma mãe do que a proteção dos seus filhos. Fui a primeira mulher a comandar, no Congresso, a Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher. As estatísticas mostram que, dentro de casa, a principal vítima da violência é a mulher. O Brasil não está preparado para andar armado, ainda mais em um momento conflituoso como o que nós vivemos.</em></p> <p class="texto"> <br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/05/25/1200x800/1_250522ea_49-25730642.jpg?20220611225305?20220611225305", "@type": "ImageObject", "width": 1200, "height": 800 }, "author": [{ "@type": "Person", }], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 6816t

Tebet fala em 'avenida eleitoral' entre Lula e Bolsonaro 3e3r57 'Apoios virão'

Jornal Correio Braziliense 2v4q4l

Entrevista

Tebet fala em 'avenida eleitoral' entre Lula e Bolsonaro: 'Apoios virão' 2m4260

Senadora escolhida para representar o centro democrático vê uma "avenida eleitoral" entre aqueles que definiram o voto por não aceitarem Bolsonaro nem Lula no Planalto. Ela considera naturais as peculiaridades dos palanques nos estados 61s64

Em casa, recuperando-se de uma infecção de covid-19, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tirou o sábado para falar da campanha para a Presidência, já como pré-candidata oficial do autodenominado centro democrático — aliança integrada por MDB, PSDB e Cidadania. Na conversa com o Correio, criticou o populismo dos dois favoritos e tentou ar confiança de que pode se tornar uma candidata competitiva, a ponto de disputar o segundo turno. Sobre as divergências internas, a senadora reconhece que não terá unanimidade dentro dos partidos que compõem a tríplice aliança, e não vê problemas em dividir palanques ora com apoiadores de Lula, ora com bolsonaristas. Na entrevista, Tebet também falou de privatizações, machismo, violência contra a mulher e se colocou "radicalmente contra" armar a população civil.

A senhora se propõe a romper a polarização entre Lula e Bolsonaro. Mas os dois principais partidos da terceira via — MDB e PSDB — estão polarizados há muito tempo em vários estados.

Essa eleição é atípica em todos os sentidos. Primeiro, porque a minha candidatura era uma entre sete ou oito pré-candidatos. De dez dias para cá, as coisas mudaram, chegou-se ao meu nome. Agora, nós zeramos o jogo e começamos a construção em favor deste centro democrático. MDB e PSDB começaram com uma incerteza, eu tinha uma maioria não folgada e, agora, cheguei na última reunião da Executiva com mais de 90% de apoio. Aconteceu a mesma coisa no PSDB. A partir daí as coisas acontecem nos palanques regionais.

O processo, então, ocorre dentro do esperado?

Nesse aspecto, essa eleição não vai ser diferente das outras, apenas a pré-campanha, hoje, virou um Big Brother, está mais exposta. Nós sempre tivemos, num país da grandeza do Brasil, palanques regionais com decisões diferentes das posições nacionais. A diferença é que o centro democrático, agora, tem três partidos históricos unidos para apresentarmos uma alternativa a essa polarização ideológica que está levando o país para o abismo.

O eleitor vai perceber isso?

A sociedade e o eleitorado têm essa percepção. O eleitor, hoje, está optando pelo voto do "não", e não pelo voto do "sim". Nesse aspecto, temos uma avenida pela frente. E quando temos essa avenida eleitoral, automaticamente você cria apoios a partir do fortalecimento da sua candidatura. Os apoios virão quando nos posicionarmos e começarmos a pontuar nas pesquisas.

Como se equilibrar diante dessas divergências?

Sei que haverá estados em que teremos dois palanques, estados em que não teremos nenhum e estados em que nós teremos que dividir palanque com outras candidaturas, porque os candidatos a governador, muitas vezes, terão apoio de partidos que já têm candidatos à Presidência da República. Como é que vai fechar o palanque para um candidato só?

São os dilemas da política do mundo real...

Há um equívoco de achar que o palanque regional vai conseguir impor uma candidatura à Presidência da República. O que a gente precisa nessa união é a estrutura que esses partidos têm para oferecer — nem tanto a financeira. É do tempo de rádio, de televisão, a estrutura intelectual. Os três coordenadores (dos partidos aliados) estão conversando. Esse é um ativo muito importante para uma campanha. Hoje eu sou MDB, hoje eu sou PSDB, sou Cidadania, represento essa força, esse movimento.

E o que acontece agora?

A partir do momento em que, de forma organizada, começarmos a preparar um mesmo programa de governo, os presidentes (das legendas) terão força igualmente, os coordenadores de campanha vão ter força igualmente. A conta é simples: há 40% dos eleitores que não votam em candidato nenhum ou que podem mudar o voto. Se quase 60% não me conhecem e há 40% que não querem nenhum dos dois e pensam em mudar o voto, há uma avenida muito grande.

Qual foi o papel do senador Tasso Jereissati e do ex-governador Eduardo Leite nas negociações para destravar a terceira via?

Sobre Leite, tenho pouco a falar, estivemos juntos poucas vezes. Mas o fato de ele ter tido esse espírito democrático de reconhecer que o palanque regional é uma construção o coloca numa posição importante no processo. Tasso Jereissati, sim, somos muito próximos. Ele é um baluarte do PSDB. Foi importantíssimo nessa construção. Mas não podemos desmerecer quem foi decisivo na unificação, o presidente (do PSDB) Bruno Araújo. Ele foi incansável na demonstração de que este é um momento atípico em que não se pode dividir palanque.

Como pretende reduzir o crescimento da rejeição ao seu nome, conforme indicam algumas pesquisas?

Você rejeita o que não conhece. Eu sou desconhecida por mais de 60% do eleitorado. É natural que as pessoas não queiram votar em quem não conhecem. Ao mesmo tempo, por ser desconhecida, eu não tenho rejeição que me impeça de crescer. Essa é a facilidade de se unir a pessoas que pensam não de forma hegemônica, mas homogênea. Temos a mesma visão de Brasil e o mesmo entendimento para a saída da crise econômica. Nossa equipe não deixa de ter uma irmandade com a equipe econômica do PSDB.

A quem a senhora se refere?

Estou falando de Elena Landau, de pessoas que vieram nos ajudando e que são, de alguma forma, atreladas ao Plano Real. E a gente vinha dialogando, também, pois somos muito amigas, com a equipe feminina do PSDB do João Doria, como (a economista) Zeina Latif. São projetos que se somam. Vamos conversar, no momento oportuno, com (o ex-governador) João Doria, com (governador de São Paulo) Rodrigo Garcia. Queremos ouvi-los em relação ao plano de governo.

Como ele será elaborado?

O plano não está pronto, acabado, nem estará pronto até as convenções (partidárias, a partir do fim de julho), faço questão de dizer isso. O arcabouço e as linhas mestras estão muito bem definidas na minha cabeça. Criança, adolescente e família como centro das políticas públicas na sua transversalidade. O centro são as pessoas, o cidadão do presente e do futuro. A partir daí, tudo vem sob a ótica social, sob a ótica ambiental, de um governo eficiente como meio de alcançar o desenvolvimento sustentável. Temos uma visão muito similar sobre como alcançar essa justiça social, essa diminuição da desigualdade.

Jefferson Rudy/Agência Senado - Simone Tebet corre o risco de não ter palanques em estados fundamentais para que sua candidatura presidencial ganhe consistência
Ed Alves/CB - 25/05/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Politica. Coletiva de Impresa da Senadora e Pre-Candidata a Presidencia da Republica -MDB Simone Tebet.
Roque de Sá/Agência Senado - Simone Tebet mostrou força dentro da própria legenda. Dirigentes da maioria dos diretórios estaduais manifestaram apoio público à pré-candidata

Lula e Bolsonaro são dois lados da mesma moeda?

É claro que não podemos igualar situações quando estamos diante de um presidente que não respeita as instituições democráticas. Mas, sim, no aspecto político-eleitoral, eles são (lados da mesma moeda), na medida em que se retroalimentam desse discurso do ódio, do nós contra eles, de uma polarização ideológica que não leva o Brasil a lugar nenhum. E só sobre essa ótica é que eles se retroalimentam.

Como ganhar votos no Nordeste, que está fortemente polarizado? Tasso Jereissati ajuda?

Ajuda a furar essa bolha. É na base do "nem um nem outro, vote numa mulher". A mulher nordestina é a cara mais sofrida, mais pobre do Brasil, é a primeira a ser atingida em tudo, no desemprego, na fome, na falta de qualidade dos serviços públicos. Tenho convicção de que a mulher brasileira vai decidir essa eleição.

No Senado, a senhora votou com o governo Bolsonaro em pautas como a Reforma da Previdência e a autonomia do Banco Central. Mas foi contra o modelo de privatização da Eletrobras e se posiciona contra a venda da Petrobras. Qual a sua posição em relação à agenda econômica?

Essa narrativa dá mérito a um governo que não o merece. A Reforma da Previdência nunca foi pauta deste governo. A pauta estava pronta para ser votada no governo Michel Temer, mas foi interditada temporariamente por dificuldades políticas e jurídicas. A autonomia do Banco Central, da mesma forma. Não é uma pauta do Bolsonaro. A nossa pauta é de uma economia liberal, mas não o neoliberalismo sem alma do governo federal. Eu sou radicalmente contra esse liberalismo sem alma do Paulo Guedes. O Congresso só aprovou essas pautas porque soube equilibrar, tirar os excessos, a insensibilidade do governo.

E a privatização da Eletrobras?

Eu ia votar a favor porque sou favorável à capitalização. O problema é que o Congresso Nacional colocou um jabuti — e não era um jabuti qualquer. Mudou tudo e tornou inviável aprovar a proposta sem colocar a digital numa negociata corrupta e imoral que estava sendo feita, que era exigir para a capitalização que o governo investisse quase R$ 100 bilhões para levar gasodutos ao Nordeste com objetivo de atender a meia dúzia de usineiros sem gás e lobistas dentro do Congresso Nacional. Por isso não votei a favor da capitalização da Eletrobras. E que também não é um projeto do governo. Já vinha sendo discutida antes no Congresso.

Em relação à Petrobras, a senhora se mantém contrária à privatização?

Isso eu sou. Para mim, a privatização não pode ser um fim em si mesmo. Tem que ser um meio, tem que servir a dois propósitos: quando a empresa é deficitária e atenderia melhor as necessidades da sociedade se estivesse nas mãos da iniciativa privada, que é parceira; e quando ela não é estratégica, mesmo que superavitária. A Petrobras é superavitária e é estratégica para o desenvolvimento nacional. Seja porque tem uma grande missão social, com fundos sociais para educação, para saúde e meio ambiente, seja porque traz dividendos. É dinheiro na veia para educação, saúde, habitação e obras de infraestrutura. E ela é de relevante interesse público. Você pode até falar da privatização de subsidiárias, mas não da parte de produção. O petróleo é nosso, a produção é nossa. A Petrobras tem condições de servir ainda muito mais.

Qual o problema, então?

O problema da Petrobras é ser mal gerida. Escolhem-se presidentes da Petrobras para depois fazer ingerência política. Temos que colocar um presidente que tenha a noção exata do que ela representa. Ela é uma sociedade anônima, serve, sim, aos seus acionistas, mas tem como prioridade absoluta o fim social.

E a PEC dos combustíveis?

O caminho está errado. Há solução dentro da lei e não é populista. Você tem hoje um quadro excepcional: acabamos de sair de uma pandemia e entramos numa guerra com países produtores. Temos escassez de petróleo de um lado e desvalorização da nossa moeda de outro. Porque não soubemos nos conduzir bem na pandemia, o dólar subiu demais no Brasil, e isso não é culpa de guerra nenhuma, é culpa de uma má gestão.

É justo transferir recursos nesse montante, como quer o governo com a PEC, para baratear um pouco o combustível?

Claro que não. A saída está dentro da Constituição, primeiro podemos zerar PIS/Cofins não só do diesel, mas de toda a cadeia, até o fim do ano. Dá uma redução de até 80 centavos no litro, cerca de 11%, não é pouco. E, excepcionalmente, tem o crédito extraordinário, que pode ser usado temporariamente para subsidiar a gasolina. Não é um fundo de estabilização, que seria permanente, mas um caixa à disposição para fazer o preço baixar em até R$ 1,50 na bomba só com essas medidas. Esse é um problema temporário. Mas, se o governo não der outras alternativas, eu prefiro votar favoravelmente ao projeto e ver o preço da comida da cesta básica cair nas gôndolas do supermercado. Eu sei que a fome está relacionada também ao preço dos combustíveis.

A foto da reunião de cúpula dos três partidos, quando foi fechado o acordo da terceira via — a senhora participou por videoconferência —, só mostrava homens no gabinete do senador Tasso Jereissati...

...E só homens brancos, não é?

Pois é, foi uma foto simbólica para quem defende a igualdade entre homens e mulheres. Esse debate tem discurso, mas não tem prática?

Com perseverança e certeza de que estamos no caminho certo. A política brasileira vai encontrar o seu caminho quando tiver pelo menos 30% de mulheres eleitas e participando das comissões executivas dos partidos. Por outro lado, é a primeira vez que o maior partido do Brasil lança uma candidata mulher. É a primeira vez que o centro democrático se une em torno de uma candidata mulher. Embora aquela foto tenha sido masculina, ela estava em torno de uma candidatura feminina. E isso é um avanço.

Como vê esse movimento pró-armas para a população civil, patrocinado pelo presidente Bolsonaro?

Sou radicalmente contra. As principais vítimas das armas de fogo são os jovens e as mulheres. Nada mais caro para uma mãe do que a proteção dos seus filhos. Fui a primeira mulher a comandar, no Congresso, a Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher. As estatísticas mostram que, dentro de casa, a principal vítima da violência é a mulher. O Brasil não está preparado para andar armado, ainda mais em um momento conflituoso como o que nós vivemos.