
Mal que afeta cerca de 30% da população mundial, a dor crônica é aquela que persiste ou retorna por mais de três meses, podendo aparecer em qualquer parte do corpo. Geralmente causada por uma lesão inicial, como uma distensão muscular, ela se torna crônica depois que os nervos são danificados. Esse dano ao nervo é o que torna a dor mais intensa e duradoura e, nesses casos, o tratamento da lesão pode não resolver.
Além de nem sempre aparecer em exames, a dor deixa de ser sintoma de alguma doença e se torna o problema em si, impactando a qualidade de vida de quem a tem que ar. Isso porque a dor crônica pode levar a limitações físicas, emocionais e até sociais, como a incapacidade de realizar atividades diárias, como trabalhar ou estudar, assim como gerar ansiedade, depressão ou irritabilidade, em muitas vezes levando ao isolamento social. Além disso, pode interferir no sono, no humor, no apetite e na energia, e requer necessidade de uso frequente de medicação, o que gera gasto de tempo e de dinheiro com tratamentos.
O médico neurologista Cláudio Roberto Carneiro explica que a dor crônica pode ter várias causas, podendo resultar de uma condição de saúde subjacente, como doenças reumatológicas, câncer, diabetes, fibromialgia, ou de outros fatores, como lesões, condições congênitas ou, até mesmo, a má postura.
Existem diferentes tipos de dor crônica?
Existem três tipos de dor crônica:
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Dor neuropática: decorrente de lesão do sistema nervoso (tanto central como periférico);
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Dor nociceptiva: decorrente de lesões teciduais diretas (como danos diretos aos tecidos, como traumas, infecções);
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Dor Nociplástica: decorrente de disfunção do sistema nervoso, mas devido a alterações no funcionamento do sistema nervoso. São dores, por exemplo, da fibromialgia, alguns tipos de cefaléia crônicas.
O que pode causar dor crônica?
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Doenças crônicas, como câncer, artrite ou diabetes;
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Lesões e traumas, como ligamento rompido ou hérnia de disco
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Doenças reumatológicas, como gota, tendinite, bursite e febre reumática, que afetam as articulações;
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Endometriose: distúrbio doloroso em que o revestimento uterino cresce fora do útero;
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Fibromialgia: dor generalizada nos ossos e músculos;
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Disfunção da articulação temporomandibular (ATM): uma condição que causa clique doloroso, estalo ou travamento da mandíbula;
Dor Crônica nas costas
Um dos tipos mais comuns de dor crônica é aqui atinge as costas, e pode ser causada por um único fator ou a combinação de vários como:
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Anos de má postura;
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Levantamento e transporte inadequados de objetos pesados;
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Estar acima do peso;
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Uma condição congênita, como acentuação das curvaturas da coluna;
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Lesão traumática;
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Usar salto alto;
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Dormir em um colchão ruim;
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Envelhecimento normal da coluna (alterações degenerativas).
Como é feito o diagnóstico
Para investigação do quadro, é preciso lançar mão de vários exames, como radiológicos e laboratoriais, tudo guiado pela avaliação clínica realizada pelo especialista. Entre os pontos a serem avaliados em consulta estão:
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Localização, intensidade, qualidade, duração e frequência da dor;
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Histórico da dor, avaliando como a dor começou, fatores que pioram ou melhoram, e se a dor está relacionada a alguma condição médica pré-existente;
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Fatores que influenciam a dor, investigando se a dor é desencadeada por atividades específicas, emoções ou outros fatores.
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Palavra do especialista
Quais médicos devo consultar?
É recomendado realizar investigação para correto diagnóstico, e posterior tratamento. A dor crônica impacta na qualidade de vida da pessoa e também na família; Um correto diagnóstico e tratamento pode otimizar o tratamento e reduzir a intensidade da dor, com melhora na qualidade de vida. Desta maneira é recomendado avaliação multidisciplinar, sendo avaliado por neurologista, reumatologista, além de fisioterapia e psicologia. Atualmente existe uma subespecialidade que é a medicina da dor.
Como diferenciar a dor crônica de uma dor por outra razão?
A dor crônica deve ser investigada para descobrir a causa. É muito comum a pessoa ar meses e até anos com dor, e após uma investigação adequada e correto tratamento esta dor simplesmente cessar. Então, mais do que falar em tratamento, devemos falar em investigação. Por exemplo, deficiência de vitamina B12 pode resultar em neuropatia periférica, ou lesão medular e resultar em dor. A simples reposição de vitamina B12 resultaria em melhora do quadro álgico.
Quando devo procurar um médico por suspeita de dor crônica?
A dor deve ser investigada logo no seu início, podendo ser indício de alguma patologia mais grave. O tratamento em fase inicial de uma doença sempre resulta em uma maior chance de controle, sendo variado e oferecido a depender da etiologia da dor. Existem as causas mais diversas, resultando em tratamentos também específicos para cada caso.
*Estagiária sob a supervisão
de Sibele Negromonte