
Um nome que até pouco tempo era desconhecido fora dos consultórios dermatológicos, a niacinamida se tornou uma estrela nos cuidados com a pele. Presentes em séruns, cremes e loções, produtos com o ativo prometem (e entregam) uma série de benefícios, desde a hidratação profunda até a uniformização do tom da pele.
Também conhecida como nicotinamida, a niacinamida é uma forma ativa da vitamina B3. Segundo a dermatologista Paola Canabrava, do Hospital Santa Lúcia Norte, de Brasília, sua ação é multifacetada. "A niacinamida está envolvida em várias reações que acontecem na pele. Os efeitos mais conhecidos são o anti-inflamatório, o de melhora da hidratação, além de um efeito antioxidante que ajuda na questão do envelhecimento. Ela também é utilizada para manchas, pois tem ação clareadora, e atua na oleosidade da pele", explica.
Indicada para praticamente todos os tipos de pele — incluindo as mais sensíveis —, a niacinamida pode ser usada tanto de manhã quanto à noite. "Por sua ação antioxidante, é especialmente interessante durante o dia, pois ajuda a neutralizar radicais livres induzidos pela radiação UV e poluição. À noite, favorece a regeneração cutânea", orienta a dermatologista Tatiana Sabaneeff, do Hospital Anchieta Ceilândia.
A substância também é uma aliada no tratamento de diversas condições dermatológicas, como acne, rosácea e melasma. "Na acne, ela atua reduzindo a produção sebácea e a inflamação local. Em pacientes com rosácea, ajuda a reduzir a reatividade cutânea e melhora a função de barreira da pele. Para manchas, ela inibe a transferência de melanossomos dos melanócitos para os queratinócitos, promovendo a uniformização do tom da pele", detalha Tatiana.
Além disso, estudos demonstram que a niacinamida contribui para a redução da perda transepidérmica de água (TEWL) e para o aumento da síntese de ceramidas, o que reforça a barreira da pele e previne o ressecamento.
Quando e como usar
A recomendação é começar o uso por volta dos 25 anos, quando a pele começa a apresentar os primeiros sinais de envelhecimento. O ideal, segundo Paola Canabrava, é procurar produtos com concentrações entre 5% e 10%. "Peles mais sensíveis podem se beneficiar de formulações com 2%, enquanto produtos com 20% tendem a ser mais irritantes. Considero a faixa de 5% a 10% como a mais segura e eficaz", diz a médica.
A aplicação deve seguir a lógica dos cuidados com a pele: sempre depois da limpeza e antes de hidratantes mais pesados ou protetor solar. "A niacinamida deve ser aplicada logo após a limpeza da pele, por ser um ativo hidrossolúvel. Pode ser usada uma ou duas vezes ao dia, conforme a tolerância da pele e a orientação dermatológica", ensina Tatiana.
Pode misturar?
Sim — com ressalvas. A niacinamida é compatível com a maioria dos ativos, como ácido hialurônico, vitamina C e retinol. "Ela é um produto bem versátil. Por exemplo, em peles oleosas é comum a combinação com ácido salicílico. Também pode ser associada ao ácido hialurônico para ajudar na hidratação e (no combate a) rugas finas", exemplifica Paola. Mas ela alerta: "Tem que tomar cuidado ao associar com ácidos mais fortes, principalmente em peles sensíveis, para evitar irritações".
A boa notícia é que, em geral, o ativo é bem tolerado e não costuma ter muitas contraindicações. "As reações ocorrem, principalmente, com concentrações elevadas ou em formulações irritantes. Mas não há risco de efeito rebote com o uso prolongado", reforça Tatiana.
Com o uso regular, os primeiros efeitos aparecem entre duas e quatro semanas — melhora no viço, textura e controle da oleosidade. Já a uniformização do tom da pele e a diminuição de manchas levam de 8 a 12 semanas para surgirem.