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Medicações seguras para enxaqueca na gestação podem ir além do paracetamol

De acordo com um estudo publicado pelo Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, os médicos podem perder o medo de receitar o medicamento triptanos para gestantes com enxaqueca

É frequente a gestante receber a orientação de que o paracetamol é a medicação mais indicada em casos de enxaqueca -  (crédito: Freepik)
É frequente a gestante receber a orientação de que o paracetamol é a medicação mais indicada em casos de enxaqueca - (crédito: Freepik)

A maioria das mulheres melhoram muito das crises de enxaqueca no período da gravidez, mas cerca de 8% pioram nessa fase e isso aumenta o risco de desfechos clínicos ruins, tanto da mãe quanto do bebê. É muito comum na prática clínica de um neurologista o atendimento de gestantes sofrendo de crises debilitantes de enxaqueca e na maioria das vezes por subtratamento. É frequente a gestante receber a orientação de que o paracetamol é a medicação mais indicada nesses casos. Entretanto, as crises nem sempre são responsivas a essa medicação.

Os triptanos são uma família de medicações com eficácia superior aos analgésicos comuns, como o paracetamol, e há vários anos já são considerados seguros no tratamento da enxaqueca na gestação. Entretanto, estima-se que três em cada quatro mulheres interrompem o uso dessas medicações ao descobrirem que estão grávidas.

O sumatriptano é o mais estudado deles e esta semana tivemos mais uma evidência robusta que seu uso antes e durante a gravidez não interferiu no neurodesenvolvimento de crianças acompanhadas por oito anos em média, alguns até os 14 anos de idade. De todas as gestações na Noruega, os filhos das mulheres que usaram sumatriptano no último ano antes da gravidez e durante a gravidez não apresentaram maiores índices de retardo mental, transtornos de comportamento ou linguagem, transtorno do espectro autista ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Ótimas notícias para as gestantes e mais uma evidência para encorajar os médicos a perderem o receio de prescrever triptanos durante a gestação. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (21 maio) na Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia.

*Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília

RA
postado em 21/05/2025 17:26 / atualizado em 21/05/2025 17:54
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