
Esses dados, como os aplicados no estudo por esta tecnologia, já são utilizados no Brasil para diagnóstico ou prevenção de doenças cardíacas?
O uso de informações provenientes de dispositivos vestíveis na prática clínica brasileira vem se expandindo de maneira gradual, ainda que existam entraves normativos e limitações estruturais, experiências clínicas e de trabalhos científicos robustos demonstram a viabilidade da aplicação desses recursos tanto em estratégias de triagem quanto na prevenção secundária. Há crescente utilização desses dispositivos na detecção de arritmias em ambientes de pesquisa e em instituições que adotam modelos assistenciais mais inovadores, como a fibrilação atrial, que é a arritmia responsável por 30% dos AVCs, e que muitos pacientes só têm o diagnóstico após o evento. Nessas iniciativas, os wearables já atuam como e complementar à tomada de decisão clínica, especialmente no monitoramento remoto de pacientes, como os relógios inteligentes Apple Watch e o Galaxy Watch da Samsung.
Como esses dispositivos podem contribuir para a prevenção de doenças cardíacas em pacientes que não apresentam sintomas? Podem servir de apoio para diagnósticos precoces?
Uma das principais vantagens das tecnologias vestíveis está justamente na sua capacidade de identificar alterações fisiológicas sutis em indivíduos assintomáticos. Ao realizarem medições contínuas de variáveis como ritmo cardíaco, variabilidade da frequência cardíaca e níveis de atividade física, esses dispositivos permitem detectar sinais precoces de disfunções subclínicas. Tecnologias baseadas em fotopletismografia e sensores de eletrocardiograma integrados, por exemplo, demonstraram eficácia na identificação de arritmias silenciosas. Dessa forma, os wearables se mostram como aliados valiosos em estratégias de rastreamento e diagnóstico precoce, possibilitando intervenções antes da manifestação de sintomas.
Qual é o maior potencial e também o maior desafio do uso de tecnologia vestível para transformar a prevenção e o cuidado com a saúde cardiovascular?
O potencial transformador dos dispositivos vestíveis é, principalmente, a possibilidade de oferecer um monitoramento contínuo e personalizado do estado de saúde cardiovascular. Isso favorece não apenas a prevenção proativa de eventos agudos, mas também o acompanhamento otimizado de pacientes com condições crônicas. À medida que essas ferramentas se integram a sistemas de inteligência artificial e algoritmos preditivos, espera-se um salto na precisão das decisões clínicas. Em contrapartida, os desafios ainda são consideráveis, como a necessidade de validação científica robusta dos dados gerados, a padronização dos formatos de informação, a garantia da segurança e privacidade digital dos pacientes, e a integração dessas tecnologias aos fluxos já existentes nos sistemas de saúde.