Colorimetria capilar

Não são todas as pessoas que combinam com determinado tom de cabelo. E nem todas as cores podem ser utilizadas nos fios em sequência. Para dominar a arte das cores, os cabeleireiros utilizam a colorimetria

Segundo a colorimetrista da Kamaleão Colors, Leticia Penna, a área é uma ciência que estuda as cores e suas combinações. 'Para nós, cabeleireiros coloristas, é essencial, pois nos permite criar tons personalizados que realçam a beleza única de cada cliente', explica

De acordo com Leticia, a escala de tons vai de 1 (preto) a 10 (loiro claríssimo), indicando o quão escuro ou claro é o cabelo. Já os reflexos são nuances que dão um toque especial à cor base: 'Por exemplo, um 6.1 é um loiro escuro com reflexo acinzentado'

A colorimetrista pontua que a altura de tom é o nível de escuro ou claro do cabelo natural, e o fundo de clareamento é a cor que aparece quando descolorimos os fios: 'Saber isso é crucial para evitar surpresas ao fazer uma mudança de cor'

Para neutralizar cores indesejadas no cabelo, Leticia utiliza a escala da estrela de Oswald, uma ferramenta que mostra as cores primárias, secundárias e terciárias, além das complementares. 'Usamos para entender quais cores neutralizam outras, ajudando na correção de tons e na criação de novas nuances', acrescenta

A partir da estrela de Oswald, cores opostas no círculo cromático se neutralizam. 'Se o cabelo ficou alaranjado, usamos um tom azul para neutralizar. Se está amarelado, um violeta ajuda a resolver. De forma bem resumida, é assim que conseguimos aquele loiro dos sonhos sem tons indesejados', indica

Para escolher a cor ideal para cada pessoa, Leticia analisa o subtom da pele da cliente. Peles com subtons quentes combinam com cores quentes, como dourados e acobreados. Já subtons frios casam com tons frios, como platinados e marrons acinzentados. 'O objetivo é harmonizar e realçar a beleza natural', destaca

Entretanto, erros como não considerar o histórico químico do cabelo, ignorar o fundo de clareamento, escolher a volumagem errada do oxidante e não fazer o teste de mecha podem comprometer o resultado e a saúde dos fios

Ao corrigir um cabelo manchado ou com cor indesejada, Leticia primeiro identifica o problema para depois usar a técnica necessária, como a decapagem, neutralização ou pré-pigmentação

Na colorimetria, as cores primárias são azul, vermelho e amarelo. As secundárias vêm da mistura de duas primárias: verde (azul + amarelo), laranja (vermelho + amarelo) e violeta (azul + vermelho). As terciárias resultam da mistura de uma primária com uma secundária, criando nuances como vermelho-alaranjado ou azul-esverdeado

Para conquistar um loiro perfeito sem riscos de amarelamento ou esverdeamento, Leticia argumenta que é fundamental atingir o fundo de clareamento adequado durante o processo e escolher o tonalizante correto. Para prevenir o esverdeamento, é importante evitar a exposição a piscinas, pois o cloro pode reagir com os fios loiros

'Além disso, a cliente deve se comprometer com cuidados contínuos em casa, mantendo uma rotina de hidratação e utilizando produtos específicos. Lembre-se: para um cabelo impecável, o comprometimento deve ser 50/50 – dividido entre o cuidado do profissional e da cliente', ressalta

A cirurgiã plástica Dra. Hilda Alfaro e a enfermeira tricologista Dariane Cecluski, do Centro Capilar Brasília, alertam que a descoloração é um dos processos químicos mais agressivos para a estrutura do fio capilar, podendo comprometer não somente o fio mas também o couro cabeludo

Elas destacam que, antes de realizar a descoloração, é fundamental que o couro cabeludo esteja saudável e íntegro (sem feridas), evitando que ocorra reações adversas como irritação, ardência e até descamação

As principais dicas das especialistas são: fazer o teste de alergia no couro cabeludo antes da descoloração total, evitar a lavagem do cabelo no dia anterior ao procedimento, hidratar o local com óleos vegetais, e fazer um intervalo de 30 dias entre procedimentos químicos

Como a descoloração ocorre pela remoção da melanina dos fios, Hilda e Dariane argumentam que o processo remove nutrientes essenciais para a saúde dos fios, como a queratina (principal proteína da fibra capilar) e lipídeos (responsável pela hidratação do fio) deixando o cabelo mais frágil

Para evitar a quebra e a elasticidade excessiva do cabelo descolorido, elas indicam cuidar dos fios com a chamada tríade infalível: hidratação, nutrição e reconstrução. Com ela, a água, proteínas e lipídios dos fios são repostos

Irritação, queimadura e reações alérgicas a química podem culminar na queda de cabelo, o que as especialistas previnem ao evitar contato direto do produto com o couro cabeludo, respeitar o tempo de ação da bula, utilizar produtos de qualidade e manter uma dieta saudável

Para a hidratação, as especialistas recomendam máscaras capilares com ácido hialurônico, babosa, pantenol e glicerina para repor a umidade dos fios

Na nutrição, óleos vegetais são os protagonistas: o uso de óleos como argan, coco, abacate e ricino ajudam a restaurar a barreira lipídica e evitar o ressecamento

Já na reconstrução, um processo mais intenso que deve ser quinzenal ou mensal, utiliza-se queratina, colágeno e proteínas ajudam a fortalecer os fios e reduzir a porosidade

Após a descoloração, Hilda e Dariane dissertam que o uso de xampus sem sulfato é o mais indicado, bem como a proteção térmica, intervalo de lavagem de acordo com a oleosidade do cabelo e evitar penteados com tração