'Vamos tornar público e abrir para visitação o espaço que trouxe o primeiro Oscar do Brasil em quase cem anos de premiação. Faremos da casa onde foi gravado o filme um lugar de memória permanente da história de Eunice Paiva e sua família, da democracia e ainda uma homenagem às duas grandes mulheres que orgulham o Brasil e deram vida a ela - Fernanda Torres e Fernanda Montenegro', declarou Eduardo Paes nas redes sociais.
De acordo com o vice-prefeito, Eduardo Cavalieri (PSD), o município cogita expor na casa a estatueta conquistada pelo filme. “Estávamos aguardando o resultado do Oscar. O espaço contará a história da participação do Brasil no Oscar. Vamos estudar se seria possível levar a estatueta para ser exibida na casa. Será mais um ponto turístico da cidade', declarou o político ao jornal “O Globo”.
O filme “Ainda Estou Aqui” foi premiado com o Oscar de 'Melhor FIlme Internacional' em 02/03. O longa de Walter Salles ('Central do Brasil') concorreu também em outras duas categorias: Fernanda Torres como Melhor Atriz (vencida por Mikey Madison) e Melhor Filme (que ficou com 'Anora'.
No dia 23/09/2024, 'Ainda Estou Aqui' foi escolhido o representante brasileiro na tentativa de um lugar no Oscar. A decisão unânime — foram 24 votantes ao todo — foi anunciada pela Academia Brasileira de Cinema.
Desde então, o filme entrou em um período de campanha para ser escolhido pela Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood - esforço que resultou no prêmio. O longa-metragem estreou nos cinemas brasileiros no dia 7 de novembro.
Antes, no início de setembro, o filme, que é uma produção original Globoplay, estreou com momentos de emoção no Festival de Cinema de Veneza.
Os atores Selton Mello e Fernanda Torres não conseguiram conter as lágrimas com a recepção calorosa do público após a exibição do longa.
Após o término da sessão, a produção brasileira foi aplaudida de pé por 10 minutos.
O filme chegou a concorrer ao cobiçado Leão de Ouro, principal prêmio do Festival, mas acabou perdendo a disputa para 'O Quarto ao Lado', do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
Apesar disso, o longa brasileiro levou para casa o prêmio de Melhor Roteiro do festival da cidade italiana.
No dia 5 de janeiro, Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz de Drama, façanha inédita para uma brasileira. Depois, o longa ganhou o Prêmio Goya de Melhor Filme íbero-americano na Espanha.
O longa, que coleciona indicações e prêmios em diferentes países, conta a história de Eunice Paiva, mãe do jornalista Marcelo Rubens Paiva, que ou 40 anos atrás da verdade sobre o marido desaparecido em 1971, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).
Rubens Paiva (marido de Eunice) foi preso durante o regime militar no Brasil e teve o mandato de deputado cassado no início da década de 1970.
A história se baseia no livro homônimo escrito pelo jornalista Marcelo Rubens Paiva (filho de Eunice e Rubens Paiva). 'Ela virou a grande militante ativista da ditadura e da redemocratização brasileira e do chamado Brasil novo', disse ele.
Na trama, Eunice é vivida em fases diferentes da vida pelas atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro (foto).
O filme conta com um elenco de peso. Além das duas Fernandas, Selton Mello, Marjore Estiano, Humberto Carrão e Dan Stulbach também estrelam o longa.
O processo de realização do filme levou cerca de sete anos. O diretor Walter Salles chegou a frequentar a casa onde Rubens Paiva vivia antes de ser levado pelos militares e fez questão de conhecer sua família.
O filme recebeu grande aprovação da imprensa internacional. E atuação de Fernanda Torres também atraiu muitos elogios.
'Salles nunca se excede nas batidas emocionais do filme, confiando na atuação magnífica e excepcionalmente detalhada de Torres para dirigir a história', destacou o ScreenDaily.
Além de 'Central do Brasil', que foi indicado ao Oscar de 1999, Walter Salles dirigiu os elogiados 'Terra Estrangeira' (1995), 'Abril Despedaçado' (2001), com Rodrigo Santoro, 'Diários de Motocicleta' (2004) e 'Paris, Te Amo' (2006).
Tema central de 'Ainda Estou Aqui', Rubens Paiva foi um engenheiro civil, empresário e político brasileiro, conhecido principalmente por sua luta contra a ditadura militar no Brasil e por ser uma das vítimas mais emblemáticas do regime.
Ele nasceu em 26 de dezembro de 1929, em Santos, São Paulo, e desapareceu em janeiro de 1971, após ser preso por agentes da repressão.
Rubens Paiva era deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e se destacou como um dos opositores do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart.
Com a implantação do regime militar, ele teve seu mandato cassado e se exilou no exterior por um período. Ao retornar ao Brasil, continuou a se posicionar contra o governo militar.
Em janeiro de 1971, Paiva foi preso em sua casa no Rio de Janeiro por agentes do DOI-CODI, um órgão de repressão da ditadura.
Após sua prisão, ele desapareceu, e as autoridades nunca itiram oficialmente seu paradeiro ou destino. Anos depois, investigações apontaram que ele foi torturado e morto nas dependências militares.
Seu corpo nunca foi encontrado, e seu caso permanece como um símbolo das atrocidades cometidas durante a ditadura militar no Brasil.