A viagem, organizada pelo Instituto Schmidt Ocean a bordo do navio Falkor (too), aconteceu em dezembro de 2024 e revelou criaturas com características surpreendentes.
Usando um robô submarino controlado à distância (ROV), a equipe explorou quatro vales submarinos e cerca de 20 ecossistemas próximos a vazamentos de metano no fundo do Pacífico.
Esses ambientes já eram estudados, mas o subsolo marinho permanecia inexplorado.
Eles acreditam ter identificado até 60 espécies que até então eram desconhecidas pela ciência.
A expedição teve uma duração de 55 dias, saindo de Valparaíso até Punta Arenas, e cobriu uma grande área, desde o centro até o sul do Chile.
Os pesquisadores concluíram que os cânions explorados durante a expedição abrigam um ecossistema muito variado.
Eles servem de apoio para seres como esponjas e corais de águas profundas, que criam um ambiente onde muitos outros animais podem viver — como pequenos peixes, serpentes-do-mar e polvos.
No fundo do mar, saem bolhas de metano por rachaduras. Esse gás serve de alimento para bactérias especiais que usam um processo chamado quimiossíntese.
Com isso, essas bactérias conseguem produzir energia a partir do metano, sem precisar da luz do Sol para sobreviver.
“O fato de termos encontrado tantas fissuras [que expelem metano] em uma área relativamente pequena sugere que elas são disseminadas ao longo da costa chilena, servindo como centros de biodiversidade e ciclos elementares em grande escala”.
Essa explicação foi dada pelo Dr. Jeffrey Marlow, ecologista microbiano da Universidade de Boston e cientista-chefe da expedição.
Já a Dra. Jyotika Virmani, diretora-executiva do Instituto Schmidt Ocean, destacou: “Vida marinha diversificada nadando contente neste ecossistema geologicamente interessante era linda de se observar — um forte lembrete de que o que está fora da vista talvez não deve ser ignorado.”
Durante a expedição, a equipe encontrou algumas criaturas bem curiosas, como um grupo de lulas-de-Humboldt, visto se alimentando próximo das fissuras submarinas.
Também presenciaram um número expressivo de enguias vermelhas (congrio colorado) vivendo perto de um enorme aglomerado de vermes tubulares (do tamanho de uma quadra de basquete!) próximo a um vazamento de metano.
A equipe também encontrou um verme poliqueta que brilha, uma das descobertas mais chamativas.
Há evidências de que as larvas desses vermes podem se espalhar por fissuras subterrâneas, colonizando novas áreas.
Muitos desses animais podem ser espécies que nunca foram catalogadas, o que abre portas para novas pesquisas.
A Dra. Virmani resumiu o impacto da missão: â??Esta expedição é mais um exemplo do tremendo valor de reunir equipes cientÃficas interdisciplinares e tecnologia de ponta em regiões pouco conhecidas do nosso oceano globalâ?.