Nana estava internada desde julho de 2024 na Casa de Saúde São José, no bairro Humaitá, para tratar problemas no coração.
De acordo com o hospital, sua morte foi causada por falência múltipla dos órgãos.
Nana nasceu no dia 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, e havia completado 84 anos dois dias antes de morrer.
Vinda de uma família com forte ligação à música, era filha do cantor e compositor Dorival Caymmi e de Stella Maris, além de irmã dos músicos Danilo e Dori Caymmi (foto).
Segundo seu irmão, Danilo Caymmi, a cantora tinha sofrido uma 'overdose de opioides' no dia do seu aniversário.
'O Brasil pede uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo. Estamos todos realmente muito tristes, mas ela ou nove meses de sofrimento intenso dentro de hospital', disse o irmão.
Reconhecida por sua voz única e escolhas musicais refinadas, Nana Caymmi teve uma trajetória marcante na MPB.
Ela começou a cantar ainda jovem, estreando ao lado do pai. Sua primeira gravação foi 'Acalanto' (1960), canção que se tornou um clássico infantil no Brasil.
Após um início conturbado, incluindo um período morando na Venezuela, retornou ao Brasil e se consolidou na MPB.
Em 1975, lançou o álbum homônimo que a consagrou. Nele, interpretou clássicos como 'Ponta de Areia' (Milton Nascimento) e 'Beijo Partido' (Toninho Horta), além de uma marcante versão de 'Só Louco', de seu pai, Dorival Caymmi.
Ainda na década de 1970, Nana se destacou ao cantar obras de grandes nomes da música brasileira, como João Bosco, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Ivan Lins e Gonzaguinha.
Nana emplacou parcerias importantes com pianistas como João Donato (com quem teve um romance) e Cesar Camargo Mariano (com quem gravou 'Voz e Suor', em 1983, considerado por ela seu melhor trabalho).
Um de seus maiores sucessos veio em 1998, com 'Resposta ao Tempo' (de Aldir Blanc e Cristovão Bastos), tema da minissérie 'Hilda Furacão'.
Apesar de não ter a popularidade de outras cantoras da MPB, como Elis Regina e Gal Costa, Nana foi amplamente reconhecida por sua voz marcante e interpretação intensa.
Na vida pessoal, Nana foi casada com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli, com quem teve duas filhas. Ela voltou ao Brasil em 1965, enquanto estava grávida de seu terceiro filho.
Em 1967, casou-se com Gilberto Gil, mas o romance durou pouco e eles se separaram em 1969 por conta do conturbado período da ditadura militar — na época, Gil foi morar na Inglaterra, exilado.
Na década de 1970, Nana namorou João Donato (1970-1974) e, em 1979, iniciou um relacionamento com Claudio Nucci, com quem morou junto até 1984. Esse foi seu último casamento, embora tenha tido outros namoros ocasionais.
Na música, seus últimos trabalhos foram 'Nana Caymmi Canta Tito Madi' (2019) — indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB — e 'Nana, Tom, Vinicius' (2020).