Trata-se da obra “Sem Título (Gram Yatra)”, de 1954, que foi arrematada pela cifra de 13,8 milhões de dólares (cerca de R$ 80 milhões).

O evento aconteceu na tradicional casa de leilões Christie’s, de Nova York, uma das mais importantes do mundo.

De acordo com a Christie’s, o leilão contou com cinco licitantes e foi vendida para uma instituição, cujo nome foi mantido sob sigilo.

Os lances do leilão foram feitos pelos interessados remotamente, via telefone, e foram acompanhados pelo curador Nishad Avari, especialista em arte indiana moderna.

O recorde de obra de arte mais cara da Índia moderna pertencia a â??The Story Tellerâ?, de 1937, de autoria de Amrita Sher-Gil.

“The Story Teller” foi vendida por cerca de R$ 40 milhões em 2023. Ela foi doada ao Hospital de Oslo, na capital da Noruega, pelo médico norueguês Leon Elias Volodarsky

MF Husain, chamado de “O Picasso da Índia”, levou 13 anos para finalizar a obra de cerca de 4 metros de comprimento.

“Sem Título (Gram Yatra)” é marcada por cores vibrantes e temática que mescla elementos da tradição indiana e da mitologia com símbolos da modernidade.

Essas características do cubismo são típicas da obra de MF Husain, artista que morreu em 2011, aos 95 anos de idade.

Nascido em 17 de setembro de 1915, MF Husain foi um artista e também diretor de cinema que foi um dos fundadores do Grupo de Artistas Progressivos de Bombaim.

O grupo inspirou-se na Índia nascida após a independência dos britânicos em 1947 e a divisão em dois países - o outro foi o Paquistão.

Na sua formação, Husain estudou artes e foi influenciado pelas vanguardas modernistas. Sua obra é toda permeada pelas transformações culturais do século 20.

As obras de MF Husain são narrativas e em estilo cubista modificado, com tons que podem ir do engraçado ao sério e sombrio.

Alguns temas dessas obras foram produzidos em quadros em séries, com temas que vão de figuras históricas do país, como Mahatma Gandhi e Madre Teresa de Calcutá, até assuntos do cotidiano indiano.

Antes do quadro leiloado agora pela Christie’s, outra obra sua, “Vozes”, foi arrematada por 2,5 milhões de dólares em 2020.

Husain também produziu obras controversas, entre elas retratando divindades hindus nuas, o que fez grupos religiosos moverem processos contra o artista.

Entre 2006 até sua morte, em 2011, MF Husain se autoexilou no Catar, país que lhe concedeu cidadania.

MF Husain teve também importante atuação no cinema, chegando a ser laureado com o Prêmio Nacional de Cinema de Melhor Filme Experimental.

Em 2004, ele dirigiu o musical “Meenaxi: A Tale of Three Cities”, exibido no Festival de Cannes do mesmo ano.