
Pouco mais de 10 manifestantes, alguns vestindo blusas da Seleção Brasileira, protestaram em frente à Biblioteca Central (BCE) da Universidade de Brasília (UnB), nesta sexta-feira (4/4).
Contra os direitistas, estavam alunos que gritavam para o grupo ir embora, como a estudante de comunicação Clara Maú, de 27 anos. “A UnB não pode aceitar esse tipo de manifestação. O problema não é ser de direita, é ser de extrema-direita, ser fascista”, afirmou.
Entre os manifestantes estava o youtuber Wilker Leão, suspenso duas vezes da UnB por gravar aulas sem autorização dos professores e publicar cortes fora de contexto nas redes sociais, infrigindo direitos autorais, além de vazar dados pessoais de colegas da universidade e de incentivar os seguidores a praticarem invasões e agressões contra os estudantes. Uma professora chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o influenciador pela divulgação dos vídeos.
“Nossa principal pauta é a liberdade de expressão. Tem alunos sendo suspensos simplesmente por discordar de determinada pauta de algum professor. Queremos que todos tenham o direito de falar”, afirmou Lucas Thomas, 23, um dos líderes do movimento que organizou o ato.
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Segundo Lucas, a pouca adesão na manifestação decorreu das supostas ameaças sofridas pelos indivíduos da direita. “Ameaçaram que nos bateriam, que dariam facada na gente, que iram nos agredir”, relatou o gestor público se referindo a grupos da esquerda.
Outro estudante, que não quis se identificar, rebateu o manifestante apresentando prints do grupo de organização da manifestação extremista. “Eles (manifestantes) tinham consciência de que havia pessoas do grupo deles afirmando que trariam armas brancas e vieram mesmo assim”, disse. “Eles (manifestantes) não têm direito de entrar na UnB porque a pretensão deles é arrancar faixas e panfletos que alunos penduram contra a anistia”, completou.
No último mês de março, um grupo de jovens de extrema direita apagou mensagens e símbolos pintados em espaços acadêmicos do câmpus Darcy Ribeiro da UnB, alegando realizar uma "limpeza" contra conteúdos que consideravam ofensivos. A ação foi classificada como vandalismo e intimidação por estudantes e entidades estudantis, que organizaram um protesto com cartazes e palavras de ordem para denunciar o que eles classificaram como "ataques da extrema direita" e cobrar medidas mais rígidas da istração da universidade para prevenir novos episódios.
Na época, a reitoria da UnB emitiu uma nota de repúdio, reafirmando o compromisso com a diversidade e a liberdade de expressão. Na noite dessa quinta-feira (3/4), a universidade se manifestou de novo, em repúdio aos atos de incitação à violência dentro do câmpus. Uma nota foi divulgada horas depois da convocação de um ato disseminado em grupos de estudantes de extrema direita, chamado "Make UnB free again", onde foram trocadas mensagens com ameaças de agressão física.