FESTEJO

Jovens falam da emoção de dançar quadrilha de São João pela primeira vez

Participar de uma quadrilha junina é mais do que assumir responsabilidades, como aprender coreografias e treinar exaustivamente os os para brilhar na apresentação. É inserir no ambiente mágico e encantador dessa cultura popular

 02/05/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Quadrilhas de festa junina. Ensaio do grupo junino Chapéu de Palha em Samambaia. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
02/05/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Quadrilhas de festa junina. Ensaio do grupo junino Chapéu de Palha em Samambaia. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

No como do triângulo, sob o brilho das bandeirinhas coloridas e embalados pelo ritmo contagiante do forró, a tradição das quadrilhas juninas segue viva no coração do Distrito Federal. Mais do que uma festa, é um espetáculo que atravessa gerações, reinventa-se com o tempo e acolhe, a cada ano, uma nova leva de apaixonados por essa cultura popular. E, neste ano, há algo ainda mais especial no ar: a estreia de jovens talentos, que sentem na pele, pela primeira vez, o frio na barriga e a emoção de fazer parte desse universo encantador.

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Nessa jornada, três grandes grupos são responsáveis por manter viva a chama das quadrilhas: a Liga das Quadrilhas Juninas do DF (Linq-DFE), a União Junina-DFE e a Federação das Quadrilhas Juninas do DF e Entorno (Fequaju-DFE). Nos circuitos, a competição existe, mas o que se destaca mesmo é a celebração da cultura e a força da coletividade.

 

  • A quadrilha Aconxêgo é a única composta por crianças no fequajudfe
    A quadrilha Aconxêgo é a única composta por crianças no fequajudfe Foto: Luiz Fellipe Alves/CB/DA Press
  • Amanda Rodrigues,20, afirma que está com coração soltando fogos de ansiedade e alegria
    Amanda Rodrigues,20, afirma que está com coração soltando fogos de ansiedade e alegria Foto: Arquivo pessoal
  • Samantha e Miguel formam um dos casais da Aconxêgo:
    Samantha e Miguel formam um dos casais da Aconxêgo: "Estamos preparados" Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Vivianne Xavier,19, afirma que não consegue definir um sentimento específico
    Vivianne Xavier,19, afirma que não consegue definir um sentimento específico Foto: Arquivo pessoal
  • Grupo Chapéu de Palha, de Samambaia, se aquece para a competição
    Grupo Chapéu de Palha, de Samambaia, se aquece para a competição Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Um dos estreantes é Carlos Henrique de Sousa Gomes, de 16 anos, integrante da tradicional quadrilha Arraiá Chapéu de Palha - Samambaia Com brilho nos olhos ele conta como tudo começou. "Foi minha família que me incentivou. No começo, eu fiquei com medo, não sabia se ia conseguir acompanhar. Mas hoje estou amando. Os ensaios são puxados, sim, e dá nervosismo, mas tem sido uma experiência incrível. Graças a Deus, está dando tudo certo", relata.

Carlos encara sua participação com seriedade e entrega. "É uma responsabilidade. A gente representa uma cultura muito bonita. Quero dar o meu melhor." Entre os elementos que mais o encantam, ele destaca os figurinos coloridos e as músicas eternizadas por Luiz Gonzaga, o rei do baião.

Para muitos desses jovens, estar em uma quadrilha é também encarar, pela primeira vez, o desafio de se apresentar para grandes públicos. Maria Eduarda da Silva, de 14 anos, é outra estreante no grupo Chapéu de Palha. Ela se apaixonou pela quadrilha ao assistir a uma apresentação. "Eu vi o grupo dançando e soube na hora: quero estar ali", conta.

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A rotina de ensaios é intensa, mas Maria Eduarda leva tudo com empolgação. "Às vezes, fico cansada, mas é uma delícia. Cada o aprendido é uma vitória. Estou cheia de expectativa para o dia da estreia." Para ela, mais do que dançar, fazer parte de uma quadrilha é viver uma tradição que carrega história e sentimento. "A gente se diverte, aprende, erra, acerta, e tudo isso junto é o que torna essa experiência incrível. Sem o apoio da minha família, não seria possível".

Turbilhão de sensações

Além da emoção, a vivência em uma quadrilha também se transforma em um espaço de pertencimento e crescimento pessoal. José Vinicius dos Santos e Santos, 16, é novato no Chapéu de Palha e descreve sua estreia como um turbilhão de sensações. "É uma mistura doida: ansiedade, alegria, um pouco de medo. Dá aquele frio na barriga, mas é bom demais", confessa. Para ele, o mês de junho tem um charme todo especial. "As comidas típicas são deliciosas, os figurinos são incríveis e as músicas dão vontade de sair dançando na hora. É uma das épocas mais lindas do ano."

Se para alguns o encanto chegou agora, para outros ele nasceu junto com as primeiras lembranças. É o caso de Samantha Loyola, de 14 anos, que estreia neste ano na quadrilha Aconxêgo, de Ceilândia. "Desde pequena, sempre amei dançar. Na escola, em festas, em tudo. Sempre que me chamavam, eu topava", lembra. A entrada na quadrilha ocorrei por meio da igreja. Durante um encontro de adolescentes com Cristo, surgiu o convite. "Os tios da igreja montaram uma quadrilha e me chamaram. Aceitei para experimentar e me apaixonei logo de cara. Foi amor à primeira dança", brinca.

A Aconxêgo está participando pela primeira vez do circuito competitivo junino, o que aumentou ainda mais a ansiedade do grupo. "Estamos nos preparando muito, ensaiando com afinco. Às vezes, bate um nervosismo, mas aí eu lembro que é o meu sonho, e isso me dá força", diz Samantha, determinada.

Ao lado dela, no par da dança, está Miguel Pereira, 15. Ele já participou de festas juninas em igrejas, escolas e reuniões de família. "Sempre gostei. Mas fazer parte de uma quadrilha oficial é outro nível. É muito bom ver os trajes, ouvir as músicas, comer as delícias típicas e ainda dançar com a galera. É uma experiência única", afirma. Para Miguel, apesar dos tropeços durante os ensaios, o grupo está cada vez mais forte. "A gente erra, aprende, treina de novo. A expectativa está lá em cima. Estamos prontos para brilhar."

Vivianne Xavier, 19, da quadrilha Formiga da Roça, de São Sebastião, vê sua participação como um ato de resistência cultural. "Dançar quadrilha é mais do que entretenimento. É mostrar nossa identidade, é viver nossa cultura com orgulho. É ser parte de algo maior", declara. Segundo ela, os sentimentos são intensos e variados. "Às vezes, estou animada, às vezes, nervosa... é difícil definir. Mas o mais importante é que estou vivendo cada segundo com intensidade."

Para encarar a rotina pesada de ensaios, Vivianne tem se dedicado também ao preparo físico. "O maior desafio foi o fôlego. No começo, eu não conseguia acompanhar o ritmo. Mas fui treinando, cuidando do corpo, e agora já estou bem melhor. Dançar exige muito do corpo e da mente", explica.

A dançarina da quadrilha Ribuliço, de Ceilândia, Amanda Rodrigues, 20, contou que o mundo junino sempre a encantou. "Comecei a participar e a dançar muito cedo na Escola Parque de Ceilândia. Sou muito fascinada", comentou. Ela irá dançar com uma quadrilha pela primeira vez. E afirma que, apesar de animada, também está ansiosa. "Eu não sei muito bem o que esperar, ainda mais sendo a minha primeira vez. Mas confio que vamos fazer um ótimo trabalho em conjunto. Estou com o coração soltando fogos", contou.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 Programação

Federação das Quadrilhas:
1° fase: 13 a 15 de junho — Santa Maria
2° fase: 20 a 22 de junho — Planaltina

Liga das quadrilhas:
1° fase: 13 a 15 de junho — Sobradinho
2° fase: 20 a 21 de junho — Ceilândia

União Junina:

1ª fase: 13 a 15 de junho — Riacho Fundo II

2ª fase: 20 a 22 de junho — Samambaia

 

postado em 28/05/2025 06:05 / atualizado em 29/05/2025 16:29
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