
Em dois capítulos da série de reportagens do Correio sobre os quebras-cabeças dos técnicos Luis Enrique e Simone Inzaghi foi possível perceber as distinções táticas entre Paris Saint-Germain e Internazionale. O ataque não é exceção à regra. No entanto, as comissões de frente dos candidatos ao título são iguais, mesmo nas diferenças.
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Mentor da última conquista do Barcelona na Champions, Luis Enrique monta o PSG no 4-3-3 à imagem e semelhança da companhia catalã, vitoriosa na decisão de 2015 contra a Juventus no Estádio Olímpico de Berlim. Dez anos atrás, o dono da prancheta tinha à disposição o trio Lionel Messsi, Luis Suárez e Neymar. Hoje, ele ensaia Doué, Dembélé e Kvaratskhelia.
Inzaghi opta pelo par de atacantes, assim como na decisão de 2022/2023 contra o Manchester City. A diferença é que naquela squadra finalista o argentino Lautaro Martínez fazia dobradinha com o belga Romelu Lukaku. Agora, o "parça" do camisa 10 da Internazionale é o outro grandalhão brigador na área, o francês Marcus Thuram.
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O elo entre os ataques de PSG e Inter é o número de gols. Embora o clube francês tenha artilharia mais letal em comparação aos italianos e ostente o segundo setor ofensivo mais eficiente desta edição, com 33 — 10 atrás do Barcelona e sete à frente do time de Milão —, a quantidade de bolas colocadas na rede pelo trio parisiense e pela dupla nerazzurri é a mesma: 13.
Dembélé é quem mais costuma participar de gols. Canhoto, o francês de 28 anos emula o astro Lionel Messi na prancheta de Luis Enrique e contribuiu nesta campanha com oito bolas na rede e quatro assistências. Pode atuar no papel de referência ou oferecer saídas pelas laterais. Em tempos de escassez de ambidestros, ele se gaba da qualidade com a perna direita.
A receita de Luis Enrique tem pitadas de juventude. Forjado nas categorias de base do Rennes, Désiré Doué foi pinçado pelo técnico espanhol nesta temporada e desponta como a segunda peça mais utilizada pelo treinador nesta temporada, com os mesmos 53 jogos do meia Fabián Ruiz e quatro atrás de Bradley Barcola. O ponta de 19 anos sente-se mais à vontade atuando pela direita. Porém, há momentos de inversão para ampliar o repertório da equipe. Tem média de quatro grandes chances criadas por partida. Naturalmente, precisa ser lapidado, mas na primeira participação em Liga dos Campeões acumula três gols e quatro assistências.
O PSG se acostumou a abrir os cofres para seduzir estrelas. Dono do clube, Nasser Al-Khelaifi bancou 222 milhões de euros para tirar Neymar do Barcelona em 2017. Na temporada seguinte, 180 milhões de euros foram injetados na operação envolvendo Kyliban Mbappé. Por menos de 20% dos valores das duas negociações, os ses tiraram Khvicha Kvaratskhelia do Napoli. O georgiano de 24 anos se tornou ídolo na Itália e chegou a ser comparado a Maradona após tirar os napolitanos da fila de 33 anos sem títulos da Série A. Desembarcou na Cidade Luz em janeiro e está na iminência de entrar no panteão dos maiores do PSG.
Kvaratskhelia é um ponta-esquerda, mas longe de ser grande goleador. Está mais para arco do que flecha. Nesta campanha, acumula duas bolas na rede e uma assistência. Fã assumido de Cristiano de Ronaldo, o camisa 7 tem como principais características o drible, a condução e a capacidade de cortar de fora para dentro. O novo xodó parisiense acumula 87% de aproveitamento em es.
Reinvenção
Simone Izanghi orquestra a Inter para um tetracampeonato de maneira autoral. Quinze anos atrás, quando conquistou a última Orelhuda, a squadra nerazurri adotava o 4-2-3-1 de José Mourinho e apostava em somente um centroavante. Pandev, Sneijder e Eto'o abasteciam Diego Milito, autor dos dois gols na decisão contra o Bayern de Munique.
A Inter mantém a relação afetuosa com atacantes argentinos. Em Milão desde 2018, Lautaro Martínez é ídolo, capitão e candidato a desequilibrar a final na Allianz Arena. Nove dos 26 gols do clube italiano tiveram a dele. Os números no principal torneio do Velho Continente e na temporada o colocam como forte candidato ao troféu Bola de Ouro.
Lautaro tem estrela em finais. Levantamento do Correio mostra que balançou as redes cinco vezes em cinco partidas valendo taça — três pela Internazionale e duas pela seleção argentina. A última, na decisão da Copa América de 2024, saiu do banco aos 51 minutos do segundo tempo e marcou o gol do título na prorrogação contra a Colômbia.
Final continental é sagrada na Família Thuram. Parceiro de Lautaro, Marcus se inspira para repetir o pai, o ex-lateral Lilian. Em 1999, o Pantera Negra levou uma equipe italiana ao topo do Velho Continente: o Parma, após a vitória por 3 x 0 sobre o Olympique de Marseille. Pode ter chegado o dia do herdeiro. Thuram esteve em 13 dos 14 jogos nesta edição. Contribuiu com quatro gols e uma assistência. É a temporada mais especial e mais artilheira de Marcus Thuram na carreira. O centroavante de 27 anos vazou as defesas adversárias em 18 oportunidades em 47 jogos em 2024/2025.