
Enviado especial - Cidade do Vaticano — Quando a fumaça branca surgiu da chaminé da Capela Sistina, às 18h08 no horário de Roma (13h08 em Brasília), a multidão, eufórica, gritou e aplaudiu o novo papa, ainda sem conhecê-lo. Milhares de fiéis, que antes pareciam hipnotizados pelo telhado triangular da capela, agora voltavam os olhos para a varanda da Basílica de São Pedro. Ao anúncio, em latim, do nome do 267º pontífice, a surpresa tomou conta da Praça de São Pedro. A história estava sendo escrita: o cardeal agostiniano Robert Francis Prevost, 69 anos, tornava-se o primeiro norte-americano a comandar a Igreja Católica, ao fim de quatro votações em dois dias de conclave.
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Depois de abençoar a multidão, o agora papa Leão XIV fez um discurso pela paz e pela conciliação entre os povos. Fez menção à primeira saudação de Cristo ressuscitado: "A paz esteja com todos vocês!". "Esta é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, que nos ama incondicionalmente", acrescentou. "Deus ama a todos, e o mal não vai prevalecer", enfatizou. Leão XIV fez menção ao papa Francisco por duas vezes. Os fiéis irromperam em uma salva de palmas. Foi Francisco quem fez Prevost bispo e cardeal.
"Devemos buscar, juntos, como ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, dialoga, sempre aberta para receber como esta praça, com os braços abertos", disse Leão XIV. Em dois momentos especiais, ele surpreendeu o público: um pequeno trecho do discurso foi feito em espanhol, uma forma de agradecimento à Diocese de Chiclayo, no Peru, onde viveu por mais de 10 anos e foi arcebispo. Depois de retornar ao italiano, Prevost afirmou que deseja "uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que sempre busca a paz, que sempre busca a caridade, que sempre busca estar próxima, especialmente daqueles que sofrem."
Missa
Prevost foi eleito na quarta rodada de votações e no segundo dia de conclave. A escolha pelo nome Leão XIV estaria ligada à doutrina social da Igreja. O primeiro compromisso como pontífice será às 11h de hoje (6h em Brasília): a celebração de uma missa com os cardeais na Capela Sistina. No domingo, Leão XIV fará a bênção de Regina Coeli para a multidão, ao meio-dia (hora local). Às 10h de segunda-feira, o papa se reunirá com todos os jornalistas credenciados, na Sala VI do Vaticano.
Enquanto o nome de Prevost era anunciado, em latim, à multidão na Praça de São Pedro, o norte-americano James Cushing, 33 anos, não escondia a alegria, dependurado em uma grade do canteiro central da Via Della Conciliazone, que leva à Basílica de São Pedro. "É um sentimento incrível, eu nunca imaginei que algo assim ocorreria. É um sentimento ótimo, estou superentusiasmado", disse ao Correio. "Honestamente, nunca tinha escutado o nome dele. A escolha dele me deixou chocado, Imaginei que seria o cardeal Luis Tagle, das Filipinas, ou algum cardeal da Itália, pois os dois países têm grande população católica." Cushing também afirmou esperar que a Igreja continue a crescer nos Estados Unidos depois da escolha do papa.
Silvonei José Protz — responsável pela Rádio Vaticano e pelo site Vatican News — reconheceu que a eleição de Prevost foi uma "surpresa agradabilíssima". "Pensávamos em outras figuras, mas gostei muito. Acho que suas palavras falando de paz, já no início, nos dão o tom de como será o seu pontificado" opinou à reportagem."Será um olhar para o papa Francisco. É claro, Leão XIV é um homem que conhece a realidade da América Latina, por ter vivido no Peru. Também conhece a realidade da pobreza. Pode ser, realmente, um grande interlocutor com as grandes potências. Mas, acima de tudo, pode ser um grande pastor. Alguém que viveu como missionário e pode dar esse tom de pastor de que tanto precisamos para termos uma Igreja missionária."
A freira peruana Carolina Hurtado relatou ao Correio que experimentava uma "grande emoção". "Esta é a hora do Espírito Santo. Estou contente, porque sou peruana e o Santo Padre conhece a realidade do nosso país, conhece o espírito missionário e continuará com o que nos deixou o papa Francisco", comentou. "Rezo muito para que o Santo Padre consiga que a Igreja se una. Também para que consiga a paz. Ele é um homem muito simples e alegre. Destacou sua capacidade de chegar a todas as pessoas de maneira simples e o carisma da humildade.
Por sua vez, o frei carioca Rodrigo Antônio de Jesus, da Ordem de Santo Agostinho, teve Prevost como confrade. "O papa Prevost é um homem muito próximo, uma pessoa que tem uma sensibilidade humana muito grande. Acredito que ele fará um bem enorme ao povo de Deus, dialogando com o mundo e com a sociedade, sendo esse grande conciliador de que nosso tempo precisa. Como dizia o papa Francisco, um construtor de pontes", disse ao Correio. "Agora, Prevost é o nosso Pedro, que tem nome e voz de Leão. Ele tem a missão de confiar os homens na fé. Mas ele é um irmão de missão, de Igreja, alguém que constrói pontes. Para Rodrigo, Prevost comandará a Igreja em um momento novo, marcado pela reconfiguração e pela esperança para um tempo de paz."
Trechos do primeiro discurso do pontífice
"A paz esteja com todos vocês! Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus."
"Ajude-nos a construir pontes, com diálogo. Um único povo, sempre em paz."
"Deus ama a todos, e o mal não vai prevalecer"
"Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, Deus que nos ama a todos incondicionalmente."
"Sou filho de Santo Agostinho, um agostiniano, que disse: 'com vocês sou cristão e para vocês bispo'. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus nos preparou."
"Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, chegasse às suas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a Terra. A paz esteja com vocês!"
"Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa, do Papa Francisco que abençoava Roma! O Papa que abençoava Roma concedia a sua bênção ao mundo, ao mundo inteiro, naquela manhã do dia de Páscoa."
"Permitam-me prosseguir com essa mesma bênção: Deus nos ama, Deus ama a todos vocês, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus."
"Ajudai-nos também vós, e depois uns aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos a todos para sermos um só povo, sempre em paz."
Saiba Mais
Trechos / O primeiro discurso como papa
"A paz esteja com todos vocês! Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus."
"Ajude-nos a construir pontes, com diálogo. Um único povo, sempre em paz."
"Deus ama a todos, e o mal não vai prevalecer"
"Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, Deus que nos ama a todos incondicionalmente."
"Sou filho de Santo Agostinho, um agostiniano, que disse: 'com vocês sou cristão e para vocês bispo'. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus nos preparou."
"Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, chegasse às suas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a Terra. A paz esteja com vocês!"
"Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa, do Papa Francisco que abençoava Roma! O Papa que abençoava Roma concedia a sua bênção ao mundo, ao mundo inteiro, naquela manhã do dia de Páscoa."
"Permitam-me prosseguir com essa mesma bênção: Deus nos ama, Deus ama a todos vocês, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus."
"Ajudai-nos também vós, e depois uns aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos a todos para sermos um só povo, sempre em paz."