
Uma equipe de pesquisadores está cada vez mais próxima de transformar a degustação remota em realidade. Em um estudo publicado na revista Science Advances, cientistas relataram que voluntários conseguiram experimentar sabores de café, limonada, ovos fritos, bolo e sopa de peixe sem consumir fisicamente os alimentos.
O avanço foi possível graças a um dispositivo chamado e-Taste, desenvolvido por Yizhen Jia, estudante de engenharia de materiais da Universidade Estadual de Ohio, sob orientação do professor Jinghua Li.
A tecnologia por trás do e-Taste é baseada em um sensor químico e no uso de microfluídica — um campo da ciência que estuda o comportamento de pequenas quantidades de fluidos em microcanais. O dispositivo consiste em pequenos sachês conectados a tubos que se encaixam na boca do usuário.
Quando o sensor entra em contato com um líquido à distância, um sistema de mini-bombas eletrônicas libera substâncias químicas que imitam o sabor correspondente. Em testes laboratoriais, os pesquisadores demonstraram que participantes conseguiram identificar corretamente a acidez de diferentes amostras de limonada, tanto por meio do sensor quanto através da mistura de compostos químicos.
Uma versão mais sofisticada do dispositivo utiliza pacotes com diferentes soluções, como água salgada, glicose e ácido cítrico, organizados em um semicírculo sobre uma mesa. Isso permite que o usuário receba diversos sabores conforme as substâncias são liberadas no tubo conectado à boca.
Embora o e-Taste tenha conseguido replicar alguns sabores com sucesso, nem todos os gostos são igualmente fáceis de simular. Como a experiência gastronômica envolve não apenas o paladar, mas também o olfato e a textura dos alimentos, a recriação completa de um sabor ainda é um desafio. Além disso, calibrar com precisão as concentrações químicas das substâncias é uma etapa crítica para garantir que o gosto seja fiel ao original.
“Há pessoas tentando alcançar esse mesmo objetivo por meio de estimulação elétrica direta na língua”, explicou Yizhen Jia ao The New York Times. “Outros estão explorando formas diferentes de istrar produtos químicos. Nós optamos por um sistema baseado em micro bombas de água”.
Os pesquisadores acreditam que essa inovação pode abrir portas para diversas aplicações. A tecnologia poderia ser incorporada em sistemas de realidade virtual e realidade aumentada, aprimorando experiências imersivas. Imagine, por exemplo, provar virtualmente um prato típico de um país distante em um eio virtual.
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Outro possível uso seria no comércio eletrônico, permitindo que consumidores experimentem sabores antes de comprar um alimento online. O dispositivo também poderia ser útil para testar receitas de livros de culinária sem a necessidade de prepará-las.
Os pesquisadores exploram maneiras de tornar a experiência ainda mais realista. Uma das ideias em estudo é o uso de pequenas vibrações na língua para simular a textura dos alimentos. Outra possibilidade é o aprimoramento dos aromas, que desempenham um papel fundamental na percepção do sabor.
Os cientistas trabalham para miniaturizar ainda mais as bombas químicas do dispositivo, tornando o e-Taste mais compacto e ível. Embora ainda haja desafios a serem superados, a pesquisa abre caminho para um futuro onde será possível “provar” alimentos sem precisar estar fisicamente próximo deles.
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